i135875.jpgFormar uma biblioteca com grandes clássicos da literatura era algo que levava anos e custava muito dinheiro. Hoje, toda a prosa ou poesia de alguns escritores fundamentais está se popularizando por meio de lançamentos que condensam essa produção em versões modernas e o preço, ainda que proibitivo para considerável parcela da população, já não é extorsivo. Entre as décadas de 1930 e 1950 foram lançados 57 volumes da primeira edição das obras completas de Machado de Assis. Em 1961, a Editora Aguilar relançou tudo (e incluiu novidades) em três volumes.

No ano passado, o mercado ganhou nova caixa de Machado, sendo que as crônicas aumentaram de 200 para 600 e os contos de 127 para 180 – e, ainda assim, tudo coube em quatro volumes. Essa última versão é resultado da parceria entre as editoras Nova Fronteira e Nova Aguilar, que estão empenhadas em colocar os clássicos novamente à disposição em edições atualizadas, com preços menores e material inédito. O coordenador, Sebastião Lacerda, explica: "Os sofisticados métodos de busca de hoje permitem encontrar originais perdidos ou desconhecidos." Mesmo com essas raridades, as coletâneas "barateiam o custo final da obra". Ou seja, comprar os livros separadamente sairia bem mais caro.

 

i135878.jpgAlém de bom conteúdo e preço mais confortável, as obras também são muito bem-acabadas. Para condensar tanta literatura em poucos volumes, as editoras usam papel scritta, do tipo bíblia, capas duras e leves, com revestimento sintético e letras pequenas. Recém-lançados, os dois volumes com a ficção completa de João Guimarães Rosa – 2.320 páginas – custam R$ 390.

Os próximos a sair, ainda este ano, serão a obra completa de Euclides da Cunha e o terceiro volume dedicado a William Shakespeare. No ano que vem chegará ao mercado a poesia de Fernando Pessoa. Entre os livros já disponíveis estão a literatura reunida de Mário Quintana, João Cabral de Melo Neto, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira e Machado.

As tiragens iniciais são de dois mil exemplares e, para uma época em que o limite máximo de 140 caracteres faz muito sucesso no Twitter, esses "livrões" têm apresentado ótima performance nas livrarias. Segundo Lacerda, as obras de Guimarães Rosa, por exemplo, estavam "sumidas" das prateleiras há muito tempo, esgotadas. A volta, "com cara nova e acréscimos", tem provocado interesse. "Clássicos não saem de moda, são perenes. Não têm público-alvo, são para quem gosta de bons livros, diz Lacerda."i135877.jpg