Clarice Zimerman, 40 anos, brasileira e com cidadania israelense, vive uma história comovente. Morando em Israel há dez anos, ela teve uma separação turbulenta e pretendia voltar ao Brasil com seus dois filhos, Juliana, 16 anos, e Márcio, 14. Mas ela não pode levá-los. Por determinação da Justiça israelense, as crianças estão impedidas
de deixar Israel. O drama de Clarice começou em 1998 com a separação do marido argentino, Júlio César Duarte, que ela conheceu no Brasil em 1986. Com o divórcio, Clarice passou a receber uma
pensão alimentícia do seguro nacional israelense. O seguro, neste caso, deveria agir como um corretor, repassando o dinheiro depositado pelo ex-marido. Mas Duarte, envolvido em atividades ilícitas, nunca era encontrado em sua nova casa e o seguro não conseguia cobrá-lo. Assim, em janeiro de 2003, o órgão decidiu cortar, sem aviso prévio, a pensão alimentícia de Clarice. “Ou eu pagava aluguel ou comprava alimentos para as crianças. Quando o juiz deu o prazo para eu sair da casa, não sabia de onde tiraria dinheiro. Queria ir embora de Israel, mas já era tarde demais”, disse Clarice a ISTOÉ.

Sem casa, ela acabou perdendo também a guarda dos filhos, que, por determinação da Justiça, foram enviados para a casa do pai, mas na mesma noite as crianças acabaram fugindo para ficar com a mãe. Clarice recuperou a guarda dos meninos, mas, por determinação do juizado de menores, Juliana e Márcio ficaram proibidos de deixar Israel. Para sair do país, ela ainda tem que permanecer por um ano sob a custódia do Ministério da Assistência Social para que então as crianças passem por uma avaliação psicológica.