A tragédia na antiga dramaturgia grega traz sempre o sentido do destino – e assim ele se faz cumprir inevitavelmente por dor, violência e sofrimento. Trazida para a vida real nos dias atuais, essa mesma Grécia mergulhou em mais uma onda de violentos protestos em meio à crise econômica: já foram cortados 170 mil empregos públicos e o governo ameaça enxugar outros 30 mil. Qual o destino dessa Grécia? O grande vilão é o “troika”, comitê formado pelo banco central europeu, FMI e pela União Europeia, encarregado de garantir que as medidas de austeridade sejam cumpridas – é ele que decidirá, por exemplo, a liberação de novas parcelas do pacote de ajuda financeira. O povo, personagem que mais sofre nesse enredo, saiu às ruas em greve geral e esvaziou os setores aéreo, da educação e dos transportes. Os confrontos com a polícia não colocaram fim ao drama: uma nova paralisação está marcada para os próximos dias, e o fantasma de que o governo decrete moratória insiste em rondar o palco.