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COMPROMISSO
Marcelo Tavares, 34 anos, já casou uma vez e quer tentar de novo:

"Meu sonho é ser pai, só falta encontrar a pessoa certa"

A velha máxima de que os homens são frios e as mulheres românticas está com os dias contados. Pelo menos é isso o que sugerem duas recentes pesquisas da área de relacionamentos e sexualidade realizadas no País. A primeira, conduzida pelo instituto americano Kinsey, ouviu 198 casais brasileiros em relações longas, com 25 anos de duração em média, e concluiu que carinhos frequentes, beijos e carícias são mais importantes para a felicidade deles do que delas. Já o estudo “Solteiros no Brasil”, realizado com 19 mil pessoas pelo site de relacionamentos ParPerfeito, revelou que mais homens se apaixonam à primeira vista do que mulheres. Eles também se mostram mais confiantes na importância do casamento e demonstram o desejo de ter filhos com mais frequência do que elas (leia quadro). Essa possível inversão de papéis, porém, ainda divide opiniões entre casais e especialistas. Afinal, será que os homens estão mesmo mais sentimentais do que as mulheres?

O executivo de contas Marcelo Tavares, 34 anos, define-se como um romântico. Atualmente solteiro, ele conta que deseja ter filhos antes de completar os 40. “Meu sonho é ser pai”, diz. Tavares já foi casado durante quatro anos, dos 22 aos 26, mas a relação não durou, segundo ele, por conta da imaturidade da parceira. “Ela dependia muito de mim emocionalmente”, diz. Mesmo com a separação, ele garante que não perdeu a confiança no amor e no casamento. Agora, busca uma mulher para casar. “Só falta encontrar a pessoa certa”, diz. Na opinião de Cláudio Gandelman, presidente do ParPerfeito, essa nova postura masculina, voltada para a vida em família e a busca do verdadeiro amor, é reflexo das mudanças de comportamento das próprias mulheres. “Elas estão focadas no trabalho, em cuidar delas mesmas e em curtir a vida”, diz Gandelman. “E essa independência, emocional e financeira, deixa os homens mais preocupados com as questões amorosas.”

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LIVRE
Solteira aos 40, Silvia Jerger se diverte em relacionamentos eventuais.

"Gosto da minha vida como está, com liberdade de ir e vir"

A desenhista técnico-pericial Silvia Jerger reforça a tese de que as mulheres estão mais interessadas em manter a própria liberdade do que em se envolver numa relação insatisfatória. Aos 40 anos, ela nunca se casou e diz não ter vontade de ser mãe. “Não tenho vocação, nem paciência. Filhos representam um novo pacote de obrigações, e as minhas já são suficientes”, afirma. Ela conta que se diverte com amizades coloridas e não pretende dividir a casa com um companheiro. “Gosto da minha vida como está atualmente, com liberdade de ir e vir. E não tenho medo da solidão, pois vivo bem comigo mesma.” Para a psicanalista Tatiana Ades, da Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa e autora do livro “Hades, Homens que Amam Demais”, as mulheres atuais estão, de fato, menos românticas do que suas antecessoras. “Elas estão encarando os relacionamentos de forma mais prática. Querem sexo de qualidade e aproveitam as relações casuais, mesmo que não tenham coragem de admitir”, diz.

Entre as maduras, que cresceram em um ambiente muito mais repressor do que o vivenciado pelas novas gerações, a mudança de comportamento é visível. Isabel Cristina da Silva, 44 anos, fará 25 anos de casada em 2012. Assim como as entrevistadas pela pesquisa do Instituto Kinsey, admite que sua satisfação com o relacionamento melhorou com o passar do tempo. “Nos primeiros 15 anos, eu me preocupava muito com meus filhos e o romantismo ficava em segundo plano”, conta Isabel. “Depois que fizemos duas décadas de casados, meu desejo sexual aumentou e nossos encontros amorosos também.” O marido, Manoel da Silva, 50 anos, concorda e engrossa o coro dos homens maduros que não têm vergonha de dizer que valorizam o carinho, o afeto e a atenção. “Manter a nossa cum­plicida­de é muito importante para a minha felicidade”, diz . “Sempre que posso, convido a Isabel para jantar, levo flores e faço tudo para agradá-la, pois isso também me deixa feliz.”

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NAMORO
Casados há 24 anos, Isabel e Manoel vivem
em clima de romance, alimentado pelo marido:

"Faço tudo para agradá-la"

Para o terapeuta de casais Sergio Savian, esse romantismo masculino deve ser encarado com desconfiança pelas mulheres. “Quando os homens se declaram românticos, é só um modo de falar, porque na prática eles têm uma vida sexual intensa e exercitam o encontro casual mais do que tudo”, afirma. Segundo o especialista, muitas mulheres ainda chegam a seu consultório reclamando da falta de romantismo dos respectivos parceiros. “Alguns homens se dizem sentimentais somente para criar a imagem do companheiro ideal, mas conseguem manter as aparências só até os primeiros encontros. Depois deixam suas máscaras cair e mostram a que vieram.” Mesmo que o romantismo masculino ainda seja apenas uma tática de sedução, há quem aposte que logo eles estarão verdadeiramente mais arrebatados do que elas. “Essa tendência veio para ficar. A independência feminina é algo irreversível e os homens, em contrapartida, terão de se esforçar cada vez mais para conquistá-las”, diz Tatiana. Haja buquê de flores e declarações de amor.  

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