Um sujeito pacóvio não terá dificuldade em usar o novo Dicionário Houaiss de sinônimos e antônimos (Objetiva, 968 págs. R$ 94,90), da mesma forma que alguém atilado poderá realizar as mais difíceis buscas de palavras. Pacóvio é pateta e atilado, o oposto. Chega a ser divertido ler o novo dicionário, tantas e tão curiosas são as possibilidades de descobrir significados e seus diversos contrários. Paralelamente, a editora está lançando o Dicionário Houaiss de verbos (384 págs., R$ 64,90), aumentando, assim, a “família” de produtos com a chancela do filólogo Antônio Houaiss (1915-1999). Uma família, diga-se, de R$ 17 milhões. Tudo começou em 2001, com o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, um maciço exemplar de 228 mil verbetes que, segundo a Objetiva, acaba de ultrapassar a marca de 100 mil exemplares vendidos. Depois, vieram as versões mini, escolar e eletrônica, além da versão integral lançada em Portugal. No momento, a editora prepara uma edição concisa, com 190 mil verbetes, prevista para chegar às livrarias em dois anos.

O projeto é robusto e o orçamento também. Dos R$ 17 milhões investidos, R$ 10 milhões vêm da Objetiva e o restante do Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia, cuja equipe é responsável pelo
conteúdo de todos os produtos. Foi um trabalho iniciado pelo próprio filólogo no início da década de 80 e seguido, após sua morte, sob a coordenação de seu sobrinho e colaborador por três décadas, Mauro
de Salles Villar, que ampliou a idéia original e já prepara dicionários
de botânica e de física. “São feitos por especialistas e levam as assinaturas deles. Todos terão o Houaiss na capa”, explica Villar.

Uma outra marca das obras é a agilidade na busca e na contemporaneidade. O Dicionário Houaiss de antônimos e sinônimos divide as palavras por campos de significados. Manga, por exemplo, é dissecada em seus vários sentidos, como manga de roupa, fruta, etc. “Não temos nada tão desenvolvido nessa área em língua portuguesa”, afirma Villar. Nas quase mil páginas, há 187 mil sinônimos e 86 mil antônimos, a maioria oriunda do cotidiano, ou seja, da linguagem coloquial. O Dicionário Houaiss de verbos, por sua vez, não se restringe
a informar apenas a flexão. Também indica as preposições usadas com
os verbos. Ambos integram o conjunto de uma obra que faz jus ao
autor. A despeito de ostentar tantos títulos – filólogo, professor,
escritor, tradutor, ensaísta, diplomata, ministro da Cultura e membro
da Academia Brasileira de Letras –, Antônio Houaiss era um intelectual
que buscava a simplicidade na comunicação.