Ainda consternado com a morte de Steve Jobs, o mundo se pergunta: o que será da Apple sem seu gênio criativo? Nunca, na era capitalista, uma empresa foi tão dependente do seu líder. Na Apple, a cada lançamento de produto, um iPod, um iPhone ou um iPad, havia um culto à tecnologia, mas também um culto à personalidade. E deu certo. Associada à figura de um gênio, que redefiniu o modo como as pessoas consomem música, cinema e informação, a Apple se transformou na empresa mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 350 bilhões. Mas, com o gênio partindo agora para outra dimensão, qual será o futuro da maçã?

Impossível prever, pois ninguém sabe ao certo se a companhia desenvolveu uma cultura corpo­rativa – ou mesmo se é possível reproduzir, organicamente, a visão de uma mente tão poderosa e muitas vezes imprevisível. Sob o aspecto puramente tecnológico, a Apple não era a empresa com os melhores produtos. Muitos concorrentes chegaram a lançar computadores, tablets e tocadores de MP3 com mais e melhores recursos.

Mas a tecnologia não se resume à engenharia. E Steve Jobs foi bem mais do que um simples inventor. Ele foi um artista. É por isso que costuma ser comparado com frequência a Leonardo da Vinci. Tanto o mestre da Renascença como o gênio da era moderna compreenderam que não existe arte sem engenho, nem engenho sem arte. Tudo é arte. Vida é arte!

Foi justamente a visão artística – e estética – do mundo que fez com que os produtos da Apple se tornassem tão cobiçados, cultuados e adquiridos por milhões de pessoas no mundo inteiro. E o que menos importa, neste momento, é o destino da Apple, num mundo tão disputado e mutante como o da tecnologia. Seja qual for o amanhã, o fato é que o rumo já foi traçado por Steve Jobs. E o futuro, já transformado em presente, é o que ele soube sonhar e tornar realidade.

Steve Jobs, como os grandes revolucionários – John Lennon, por exemplo –, foi capaz de mudar o mundo a partir de um sonho e de uma imaginação. E se os Beatles ou a Apple já acabaram ou vierem a desaparecer um dia, o que im­porta? Graças aos gênios, o mundo evolui, progride e se desenvolve.