A falta de segurança não esteve entre as maiores preocupações dos turistas que visitaram o Rio de Janeiro para as festas de Natal e Ano-Novo. Segundo uma pesquisa da UniverCidade, que ouviu 800 turistas estrangeiros no centro e na zona sul entre os dias 26 e 31, a maior parte dos visitantes elogiou a segurança nos pontos turísticos, os shows musicais nas praias de Copacabana e Ipanema e a limpeza da cidade, um ponto que nunca havia sido destacado positivamente em levantamentos do gênero. A segurança nas áreas turísticas e os eventos gratuitos na orla aparecem como os mais positivos, seguidos pela “qualidade dos
serviços oferecidos nos equipamentos turísticos” e pela limpeza
urbana. A beleza das mulheres ficou na lanterninha, com apenas
2%, empatando com o item “natureza exuberante”, o que é animador
para o combate ao turismo sexual.

O resultado do estudo, segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Anthony Garotinho, já era esperado. “Foi apenas um reflexo de todo um trabalho. Os recordes de prisões e de apreensão de armas,
junto com as operações policiais para reduzir o tráfico, estão
sufocando a atuação dos marginais”, ressalta Garotinho, referindo-se às operações Pressão Máxima e Asfixia. A primeira consiste em ações policiais nos pontos-de-venda de drogas sem divulgação prévia nem mesmo entre policiais, para evitar o vazamento de informações. A Asfixia é o cerco aos morros fornecedores de droga, constrangendo os usuários, interrompendo a venda de drogas no varejo e dificultando a movimentação dos bandidos.

Para as autoridades, a sensação de segurança pode estar ligada à redução da população de rua nas áreas turísticas. Prefeitura e Estado atuam com este objetivo em parceria no projeto Zona Sul Legal. A diminuição de moradores de rua, segundo o presidente da Comlurb, Paulo Carvalho, também foi positiva para o inédito elogio às ruas limpas. “A sujeira provocada pela população de rua influenciava as críticas”, diz Carvalho. A pesquisa, no entanto, aponta vários problemas a serem solucionados para o Rio de Janeiro aumentar a demanda de turistas nacionais e principalmente internacionais, importante fonte de renda da cidade no verão. Os entrevistados criticaram os transportes públicos, o serviço de táxi, a precariedade das informações e sinalizações nas áreas turísticas, apontadas como confusas e sem qualidade.

O subsecretário municipal de Turismo, Paulo Bastoz Cezar, promete soluções a curto prazo. Em seis meses haverá um reforço da sinalização turística, tendo como prioridade o centro, que reúne muitos atrativos históricos, e a Barra da Tijuca. Ele anunciou ainda que serão impressos mapas de bolso para distribuição entre os turistas até o Carnaval. Desde outubro, os taxistas da cidade, cujo serviço foi apontado como crítico na pesquisa, começaram a frequentar cursos patrocinados pela prefeitura. Nestes seminários, eles aprendem a ser mais atenciosos com os visitantes. Muitos turistas reclamam de ônibus lotados e da velocidade excessivamente alta dos táxis. “Eles apostam corrida”, assusta-se a inglesa Sally Merriot.

O diretor do curso de turismo da UniverCidade, Bayard Boiteux, após analisar a pesquisa, aponta como maior problema o fato de a cidade
ter uma rede deficiente de ônibus e metrô, que não leva o turista
a todos os lugares, a exemplo de outras grandes capitais internacionais. Os problemas são muitos, mas não parecem abalar a admiração
dos visitantes pelo mais conhecido cartãopostal do Brasil e pela
simpatia do carioca. Noventa e três por cento disseram que pretendem voltar ao Rio de Janeiro.