A Libbs Farmacêutica é um caso raro de sucesso em meio à hegemonia dos grandes laboratórios multinacionais. Quinta colocada no ranking do setor entre as companhias de capital nacional, a empresa tornou-se um exemplo de sobrevivência em meio ao ataque internacional ao mercado brasileiro, principalmente em tempos de dólar proibitivo. Para se manter – e crescer – em um mercado extremamente competitivo, ela precisou investir muito em tecnologia para produzir a própria matéria-prima. “Não depender de fornecedores internacionais e do sobe-e-desce do dólar passou a ser uma questão de sobrevivência”, diz o alagoano Alcebíades de Mendonça Athayde, 74 anos, um ex-propagandista de laboratório que comanda a empresa desde meados da década de 60.

Para quem viveu o auge da indústria farmacêutica brasileira, fugir da dependência causada pela invasão dos grandes laboratórios americanos
e alemães era uma questão de honra. Athayde partiu então para uma estratégia que ia contra a corrente na época: enquanto a maioria
dos laboratórios nacionais desativava as áreas de pesquisa e desenvolvimento, a Libbs investia e ampliava sua unidade de química
fina em Embu, na Grande São Paulo. O começo foi difícil e muitos não acreditavam na sobrevivência da empresa. Passados mais de 15 anos,
a companhia é auto-suficiente em nove tipos de princípios ativos, inclusive de hormônios, utilizados nos principais medicamentos que produz. As exportações começam a engatinhar em direção
a alguns países do Mercosul e à Holanda.

Fabricante do remédio Ancoron, um produto líder na área de cardiologia e usado no tratamento da arritimia, e do Diminut, um anticoncepcional para adolescentes, a Libbs vem crescendo mais de 40% ao ano nos últimos quatro anos – em 2002, as vendas chegaram a US$ 70 milhões. A economia de divisas – dinheiro que seria gasto no Exterior com matéria-prima – chega aos US$ 3 milhões por mês. “Hoje, somos a única empresa a produzir hormônios e estamos lançando a primeira unidade de pesquisas químicas no País de um laboratório nacional”, comemora Álvaro Athayde, diretor industrial. Nessa unidade, segundo o executivo, serão feitas investigações clínicas de medicamentos em pacientes brasileiros. Através desses estudos, diz ele, será possível chegar a uma dosagem de medicamento específica para o biotipo do brasileiro.

Também estão nos planos concentrar todas as unidades da empresa em Embu, fazendo lá um grande complexo farmacêutico, com todas as fases da produção de remédios. Para isso, a Libbs está reservando um investimento que deve superar os US$ 15 milhões nos próximos cinco anos. No futuro, os donos da empresa sonham em lançar uma droga desenvolvida totalmente na fábrica de Embu. Para quem chegou onde chegou, o sonho não parece tão distante.


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