Cinema

Peter Pan (cartaz nacional) – Ainda não foi provado se a clássica história de J.M. Barrie provoca sentimentos pedófilos. O certo é que o diretor australiano P. J. Hogan não teve medo de apimentar seu filme com um leve clima erótico ao narrar a paixão pré-adolescente da garotinha inglesa Wendy Darling (Rachel Hurd-Wood) pelo menino que se recusa a crescer, vivido por Jeremy Sumpter. As novidades não param por aí. Mais próximo do original que as versões animadas, Peter Pan traz o garoto voador envolto em folhas de uva e apresenta o Capitão Gancho (Jason Isaacs) como um invejoso do amor de Wendy por Peter. Sobram efeitos especiais nas cenas aéreas e nas de aura mágica – de clara inspiração na peça Sonhos de uma noite de verão, de Shakespeare – passadas na floresta da Terra do Nunca. No mais, nada que comprometa a bela história sobre as delícias da infância e a dor de perdê-la. (Ivan Claudio)

21 gramas (cartaz nacional) – Tendo como fundo a mítica cidade americana de Memphis, o diretor Alejandro González Iñárritu e o roteirista Guillermo Arriaga, autores do elogiado Amores brutos, se valem de ingredientes pesados como transplante de coração, alcoolismo, fanatismo religioso e falhas do sistema penal americano para retratar o imponderável. Qual a diferença entre estar vivo ou morto? – os 21 gramas do título significam o peso que um corpo perde quando suas funções vitais deixam de funcionar. Ao repetir a pirotecnia estrutural de seu filme mais famoso, os dois mexicanos contam a história à maneira de Quentin Tarantino, com a cronologia embaralhada, o que não chega a atrapalhar o entendimento do enredo. Em sua primeira incursão em inglês, a dupla se cercou de um elenco primoroso encabeçado por Naomi Watts, Benicio Del Toro, Charlotte Gainsbourg e Sean Penn, que, após sua performance em Sobre meninos e lobos, é bem capaz de concorrer consigo mesmo ao Oscar de melhor ator. (Luiz Chagas)

Discos

Jeff (Sony Music), com Jeff Beck – Aos 60 anos incompletos, o guitarrista inglês mantém a aura de desbravador ao mesclar talento melódico e raça roqueira com o que há de mais avançado em termos de tecnologia de estúdio. A tese é aplicada em faixas como Hot rod honeymoon, com toques dos californianos Beach Boys, ou nas personalíssimas Plan B, JB’s blues ou Grease monkey. O guitar hero continua manejando com pureza seu instrumento em meio a malabarismos tecnológicos. Mas para o próximo disco ele já prometeu abandonar o mouse e voltar a tocar com os dedos, já que não usa palheta desde os anos 1960. Na verdade, Jeff Beck toca com a alma. (Luiz Chagas)

Show

Iron Maiden (Rio de Janeiro, Claro Hall, dia 16; e São Paulo, Pacaembu, 17) – Formada por Bruce Dickinson – o melhor dos três vocalistas que o grupo já teve –, Steve Harris (baixo), Dave Murray (guitarra solo), Janick Gers (guitarra), Adrian Smith (guitarra) e Nicko McBrain (bateria), a Dama de Ferro cumpre turnê de lançamento do álbum Dance of death, iniciada em Praga, em outubro de 2003. Além de se mostrar revitalizada no seu som de altíssimos decibéis – os solos estão consistentes, as músicas ficaram mais melodiosas, mesmo seguindo a cartilha do gênero –, a banda ressuscita ao vivo o mascote Eddie. Para quem não sabe, Eddie é um boneco mecânico psicótico surgido da pena do artista gráfico Derek Riggs para a capa do disco de estréia, Iron Maiden, lançado em 1980, quatro anos depois da formação do grupo, que permaneceu um bom tempo tocando em pubs e clubes pequenos. Ansioso com a vitalidade do público brasileiro, Bruce Dickinson afirma que a produção é a mesma vista pelos europeus. Os fãs querem confiar. (Apoenan Rodrigues).