Sempre que o cantor Michael Jackson aparece em público com seu rosto completamente transformado pela cirurgia plástica, uma das curiosidades é saber quem é o responsável por tamanha mudança. Nesta semana, os brasileiros matarão a curiosidade. Chega a São Paulo, na sexta-feira 15, o cirurgião plástico americano Steven Hoefflin, médico de Michael. O especialista é um dos convidados do III Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, que será realizado no final de semana na capital paulista. Hoefflin, 56 anos, apresentará uma conferência chamada de A linda face, título de um dos seus livros. Em entrevista por telefone a ISTOÉ, o médico fez questão de ressaltar que não é responsável pelas mudanças do cantor desde 1998, quando disse não pela primeira vez aos desejos de transformação da estrela. O cirurgião, que também é o responsável pelo rosto da milionária americana Ivana Trump, garantiu que sua maior preocupação é manter o aspecto natural de seus pacientes.

ISTOÉ – Como o sr. encara as críticas de que as mudanças no rosto de Michael Jackson e de Ivana Trump são exageradas?
Steven Hoefflin –
Primeiro é preciso lembrar que esses pacientes estão muito felizes. Mas devo deixar claro que eu não faço nenhuma cirurgia no Michael Jackson desde 1998. Então, o que ele mudou de lá para cá não pode ser creditado a mim.

ISTOÉ – Por que ele não é mais seu paciente?
Hoefflin –
Não disse que ele não é mais meu paciente. Disse que desde 1998 não faço nenhuma cirurgia nele. Mas, às vezes, eu digo “não” para as pessoas e elas procuram outro médico que leve em frente o seu desejo. Um bom médico tem que saber dizer “não” para qualquer um, mesmo que seja uma celebridade importante.

ISTOÉ – Qual foi o pedido dele que o sr. recusou?
Hoefflin –
Não posso falar sobre esse assunto. Operei mais de 100 celebridades e dei minha palavra a elas de que não faria comentários.

ISTOÉ – Quanto ele gastou no seu consultório?
Hoefflin –
Não posso dizer.

ISTOÉ – Mas foi bastante, não foi?
Hoefflin –
É preciso lembrar que, em 1984, ele teve queimaduras seriíssimas na cabeça por causa de um acidente ocorrido nas gravações de uma campanha publicitária. Por isso, teve de fazer muitas cirurgias para reconstrução. Ele praticamente perdeu o topo da cabeça inteiro.

ISTOÉ – O sr. se considera satisfeito com as mudanças que realizou no cantor?
Hoefflin –
Ele ficou muito feliz.

ISTOÉ – E o sr., ficou feliz?
Hoefflin –
Quero lembrar novamente que tudo o que foi feito nos últimos quatro anos não tem nada a ver comigo.

ISTOÉ – Mas o sr. acha que o que foi feito antes de 1998 ficou bom?
Hoefflin –
Se você comparar as fotos do Michael no álbum Thriller, de 1982, e no final de 1997, verá que ele estava bem e feliz. Mas as pessoas mudam. Meu critério principal é o de que os pacientes pareçam naturais e às vezes acho que as pessoas poderiam estar mais naturais do que estão. Mas se ele está feliz, então, quem sou eu, quem é você, para dizer alguma coisa? Tem gente, por exemplo, que gosta de pintar o cabelo de rosa-choque. Eu não gosto, mas essa pessoa com certeza vai achar alguém que tope tingir seus cabelos, certo? Minha recomendação é a de que a pessoa pareça o mais natural possível, mas outros médicos podem pensar diferente.

ISTOÉ – O sr. acha Michael Jackson um homem bonito?
Hoefflin –
Acho que ele é muito talentoso. E não quero falar mais
do que isso porque não quero ser crítico com pacientes meus ou de outros colegas. Se tenho algo a
dizer, digo numa conversa
reservada com o paciente.

ISTOÉ – Muita gente lhe procura com o intuito de fazer mudanças inspiradas no cantor? Negros, por exemplo, tentam amenizar os traços e se parecerem com brancos?
Hoefflin –
A cor que Michael Jackson tem hoje não é por causa das muitas cirurgias ou pílulas e sim por que ele tem vitiligo (doença caracterizada pela perda do pigmento que dá cor à pele).

ISTOÉ – O que o sr. faz quando alguém lhe pede para ficar parecido com uma pessoa famosa ou ter uma boca semelhante à de Julia Roberts, por exemplo?
Hoefflin –
Isso é possível desde que o resultado seja natural, atrativo e seguro para a pessoa. Tudo faz parte da comunicação entre médico e paciente. O cirurgião precisa deixar bem claro para o paciente até onde é possível ir, assim como a pessoa tem de deixar bem claro aonde ela quer chegar. E por isso acho válido quando pacientes trazem exemplos ou até fotos do que querem e do que não querem.

ISTOÉ – Mas quais são, na sua opinião, os limites para as mudanças no corpo?
Hoefflin –
A minha primeira regra é segurança. Não faço nada que não seja seguro. Depois, é fundamental que a pessoa pareça natural após a cirurgia. E parecer natural para mim significa, por exemplo, não ficar evidente para uma pessoa que conversa a uma distância normal, como numa conversa numa festa, que a outra fez uma cirurgia plástica. Minha recomendação para meus pacientes é sempre para não ir tão longe. Mas muitos querem mais do que o recomendado.

ISTOÉ – E o sr.? Já fez alguma cirurgia plástica?
Hoefflin –
Não. Mas assim que precisar farei. Acho que ainda
não preciso.