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Basta falar na seleção masculina de vôlei do Brasil que a imagem de Bernardinho, avermelhado, aos berros à beira da quadra, vem à mente. O técnico, que lidera o time desde 2001, tem um histórico invejável (leia ao lado). Mas essa figura tão familiar aos brasileiros estará ausente nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, que acontecem no México entre os dias 14 e 30 de outubro. O comandante do voleibol nacional ficará no Brasil treinando o time A da seleção para o Campeonato Mundial, que acontece em novembro. Ao México irá o time B, de atletas em ascensão, liderados pelo auxiliar técnico Roberley Luis Leonaldo. “O Pan-Americano dá ao treinador a oportunidade de desenvolver jogadores mais novos”, diz Radamés Lattari, ex-técnico da seleção brasileira. Em contrapartida, a equipe feminina, liderada pelo técnico José Roberto Guimarães, brigará pelo ouro com sua força máxima em solo mexicano.

Lattari usou o mesmo artifício de Bernardinho no Pan de Winnipeg, em 1999, quando encabeçava a seleção. Em vez de levar o experiente Maurício para os Jogos no Canadá, optou pelos novatos Ricardinho e Marcelinho. “Em 2000 ambos viraram titulares”, explica. Testar jogadores em um campeonato como o Pan-Americano, no qual vitórias não são classificatórias, é regra para muitas seleções, como os Estados Unidos, por exemplo. “No fim, quem ganha é o voleibol, já que novos jogadores crescem e o nível médio do jogo aumenta”, argumenta Lattari. Nem todos, porém, encaram o Pan-Americano assim. “O torcedor brasileiro tem dificuldade para entender que o Pan-Americano não é determinante como campeonato para o vôlei”, diz Ana Moser, ex-jogadora da seleção feminina.

Segundo ela, depois dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, criou-se uma ilusão de importância dessa disputa para o vôlei que não condiz com a realidade. O Pan não faz parte do calendário oficial da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), o que desobriga os times a liberar seus atletas para participar da disputa, e os primeiros três colocados não garantem vaga para a Olimpíada de 2012, em Londres, como acontece no Mundial. Mas, convencer o torcedor a não se esgoelar diante da televisão vendo um Brasil e Cuba, só porque o campeonato não vale vaga, será difícil. 

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