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PROJETO PILOTO
Peritos da Polícia Federal fiscalizaram o novo estádio Mané Garrincha, em Brasília

As autoridades de segurança e de inteligência que atuarão na Copa do Mundo de 2014 estão inquietas. Avaliam que a neutralidade brasileira numa era marcada por conflitos internacionais não é suficiente para livrar o País de atentados terroristas. O Brasil, entendem, pode, sim, se tornar alvo de extremistas, caso não se salvaguarde adequadamente. A preocupação faz sentido diante da magnitude de uma festa que terá a presença de dezenas de chefes de Estado – alguns deles inimigos jurados das organizações terroristas –, cerca de 600 mil turistas estrangeiros, além dos 3,2 milhões de brasileiros que transitarão entre as cidades-sede da Copa durante os jogos. A organização do evento passou a dar absoluta prioridade à segurança. “Estamos nos prevenindo contra eventuais ataques e criando as condições para uma Copa em que o Brasil saia engrandecido”, afirma o delegado federal José Ricardo Botelho, titular da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, recém-criada pelo Ministério da Justiça.

A escolha de Botelho para o cargo faz parte da ofensiva ao chamado inimigo invisível. Nos últimos dois anos, o delegado dirigiu o escritório brasileiro da Interpol, órgão que faz parte da estrutura da Polícia Federal e mantém contato direto com os órgãos de segurança e de inteligência de 188 países. Botelho está organizando o maior aparato de segurança preventiva de que se tem notícia. Uma de suas tarefas é tirar do papel uma meta que até aqui desafiou as autoridades: a integração dos órgãos de segurança espalhados pelo País, vinculando-os a uma central internacional de operações que estará em rede online com as mais importantes corporações policiais do mundo. As maiores parceiras serão as agências dos países que têm mais experiência no monitoramento e combate ao terrorismo. “As instituições vão se falar”, garante Botelho. Ao todo, haverá cerca de 70 mil policiais atentos à segurança da Copa de 2014, com a missão de prevenir ameaças terroristas.

O trabalho já começou. Há dois meses, peritos da PF iniciaram por Brasília, no novo estádio Mané Garrincha, o projeto piloto da fiscalização que será aplicado nas obras das 12 cidades-sede. Robôs simuladores, cães farejadores e equipamentos modernos de detecção de artefatos foram testados com sucesso. A partir de agora, serão usados rotineiramente. Cada estádio a ser entregue à Fifa terá uma espécie de selo de segurança, atestando que nenhum artefato ou equipamento programável por controle remoto foi infiltrado nas estruturas da obra. Nos canteiros de obras, os operários receberão treinamento padrão de segurança. Cerca de 30 mil trabalhadores, empregados na construção dos estádios, serão os primeiros brasileiros a receber o novo e moderno documento de identidade conhecido por Registro de Identificação Civil (RIC), que reunirá, num único chip, todas as informações sobre a vida do cidadão. Engenheiros ou mestres de obras serão orientados a comunicar às autoridades policiais qualquer ocorrência estranha.

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"Estamos nos prevenindo contra eventuais ataques.
As instituições de segurança vão se falar"

José Ricardo Botelho, da Secretaria Extraordinária
de Segurança para Grandes Eventos

Trata-se de uma mudança de postura e de conceito em termos de segurança. A ingênua percepção de que o Brasil é um paraíso inatacável deu lugar à vigilância quase obsessiva. Quem tem a responsabilidade de refletir sobre segurança jamais esquece que os ataques que derrubaram as torres gêmeas em Nova York, não nasceram no 11 de setembro de 2001, mas anos antes, quando jovens estrangeiros chegaram aos EUA em busca de cursos de aviação. O serviço de imigração da PF está sendo reforçado e já acompanha a movimentação de estrangeiros em trânsito. Embora nada de grave tenha sido constatado, já foram requisitadas informações sobre turistas vindos dos Estados Unidos e da Polônia, Alemanha e Holanda.

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No mês da Copa, o controle será ainda mais rigoroso. “Os indesejáveis vão voltar do aeroporto”, avisa o diretor-geral da PF, Leandro Coimbra. Entre as mais importantes ferramentas de prevenção, destaca-se um banco de dados que, a um custo estimado de R$ 15,5 milhões, ligará a um comando central sediado em Brasília todas as polícias estaduais, guardas-civis metropolitanas, defesa civil, bombeiros e demais organismos do sistema de segurança. Na central de operações, PF, Abin, Forças Armadas e Interpol estarão integradas e em contato permanente com as agências internacionais. 

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