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SOFRIMENTO
A personagem de Fernanda Vasconcellos vai passar por situações difíceis

Com a despedida de “Cordel Encantado”, na semana passada, foram ao ar as últimas cenas de reis, rainhas e princesas em trajes de época – tudo adequado ao horário das 18 h da Rede Globo. A trama substituta, contudo, não segue o bem-sucedido formato água com açúcar e romântico. “A Vida da Gente”, de Lícia Manzo, estreou com um enredo mais pesado, que alinhava dramas bastante atuais. Ambientada em Porto Alegre, a história aborda dificuldades enfrentadas por tipos comuns das grandes cidades – entre os personagens desponta o casal Ana (Fernanda Vasconcellos) e Rodrigo (Rafael Cardoso), que cresceram como irmãos de criação e se descobrem apaixonados na convivência fraternal. A autora da novela disse à ISTOÉ que pretende discutir a família dos dias de hoje sem perder de vista “as transformações que ela vem sofrendo nos últimos anos”.

A experiência de escrever para crianças (é autora de peças infantis) deu a Lícia a segurança de que é possível tratar temas sérios do cotidiano sem que o resultado final afaste o telespectador. Séries americanas de grande sucesso como “Party of Five”, “Dawson’s Creek” e “My so Called Life”, das quais a autora é fã, serviram de inspiração por ser voltadas ao público adolescente e abordar temas considerados sérios, mas em momento algum impróprios ou pesados demais. “Situações fortes ou dramáticas fazem parte da vida de todos, acontecem até na nossa própria infância. Lidar com morte, perda, separações é parte indissociável do que somos”, diz Lícia.

As experiências mais dramáticas de “A Vida da Gente” serão vividas pelos personagens do núcleo principal. Ana, a mocinha da novela, é uma tenista em ascensão que acaba engravidando de Rodrigo. Na tentativa de fugir da mãe, que quer dar o bebê para adoção, ela e a irmã, Manuela (Marjorie Estiano), sofrem um acidente de carro. Manuela e o bebê sobrevivem sem maiores problemas, mas a tenista entra em coma e assim permanece por cinco anos. Quando acorda, encontra Manoela e Rodrigo juntos – eles passaram a cuidar da criança como filho. “A possibilidade de tratar desses assuntos de forma natural, cotidiana, leve e esperançosa é algo que me apraz”, afirma a autora. Com seu enredo pontuado de sofrimento, Lícia dá uma guinada no tom das novelas do horário. Afasta-se da fantasia de “Cordel Encantado” e, mais ainda, de produções regionais como “Araguaia”, por exemplo. Poderia ser um drama ao estilo de Manoel Carlos – só que vai ao ar mais cedo e, pelos primeiros resultados do Ibope, não está assustando ninguém.

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