O vice-presidente da República,
José Alencar, começou a arrumar
as gavetas de seu gabinete no Ministério da Defesa. Magoado com o presidente Lula, que já decidiu excluí-lo da chapa na reeleição, Alencar deve deixar o governo. Não saiu ainda porque Lula está cozinhando a reforma ministerial pré-eleitoral, que só deve acontecer em março. Junto com Alencar, também devem deixar seus cargos Saraiva Felipe (PMDB-MG), da Saúde, que sai para ser vice do governador de Minas Gerais, Aécio Neves; Jacques Wagner (PT-BA), da Articulação Política, que sonha com o governo baiano; Paulo Bernardo, do Planejamento (PT-PA), que tentará se reeleger deputado; entre outros.

Alencar não quer saber de ficar na reserva. Iniciou um discreto namoro com o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, que sonda o político mineiro para ser seu vice, caso vença as prévias do PMDB que definirão o candidato do partido à Presidência, marcadas para 19 de março. Se não emplacar, Garotinho quer Alencar brigando na campanha como candidato ao Planalto por seu pequeno partido, o PRB, criado pelo bispo da Igreja Universal Edir Macedo.

A disputa de uma vaga ao Senado está fora de cogitação. Em Minas Gerais, Alencar teria que enfrentar Itamar Franco (PMDB), que está cacifado por Aécio Neves. Seria um suicídio político. Dono da Coteminas, maior grupo têxtil do País, o vice de Lula é um crítico feroz das altas taxas de juros, que vêm estrangulando o setor produtivo, e não sentirá desconforto algum em engrossar o discurso da oposição contra a política econômica do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, seu companheiro de Ministério. Defesa, para Alencar, é uma figura de retórica. O vice está disposto a permanecer na posição que o mantém em alta junto à ala desenvolvimentista dentro e fora do governo: o ataque.