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Servir um camembert aos amigos pode ser corriqueiro nos tempos atuais, quando há uma boa oferta desse queijo nos supermercados. Mas apreciar um autêntico camembert é outra história. Ao menos, é o que dizem os puristas e os produtores dessa famosa iguaria que nasceu na França. Decantar – e capitalizar – as delícias do alimento feito no local de origem está se tornando uma prática mais comum entre os fabricantes dos chamados queijos finos. E para isso vale desenvolver tecnologias que aprimorem a identificação do berço desses produtos.

No início do mês, cientistas da Universidade de Dortmund (Alemanha) criaram um aparelho de radiofreqüência que permite rastrear cada unidade produzida de um queijo da Espanha conhecido como cabrales. O equipamento (um transponder) é colocado no momento em que o leite for derramado no molde e permanecerá lá durante o processo de maturação em cavas das Astúrias. Na hora de embalar o queijo, o transponder é retirado e substituído por um número em série, que pode ser consultado pela internet. Assim, o consumidor poderá verificar em que cava foi maturado o cabrales.

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O rastreamento é um passo além do certificado da procedência do queijo. Obter a denominação de origem controlada (ou D.O.C.) é uma maneira de preservar a tradição da produção, às vezes secular. E também de tornar o produto ainda mais sofisticado. Afinal, é muito chique degustar um verdadeiro brie de Meaux (França), um grana padano do Piemonte (Itália) ou um italianíssimo provolone da Lombardia. “O mercado está mais exigente e as pessoas, mais informadas. Sabem até que um queijo precisa respirar”, explica Mônica Pessoa, fundadora da Associação Brasileira de Degustadores de Queijo, grupo que confere a qualidade dos queijos feitos aqui. No Brasil, o consumo anual dos produtos finos tem crescido 5% nos últimos três anos. “A maior experimentação dos queijos em viagens ou nos restaurantes impulsionou o interesse. E as fábricas daqui ampliaram a variedade dos tipos”, diz Silmara Figueiredo, da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo. É preciso prestar atenção: fazer um queijo nacional com a cara e gosto do brie é possível. Ele apenas deve estampar a expressão “tipo brie” em sua embalagem, um detalhe fundamental para os fabricantes franceses.