Estréia em todo o Brasil no dia de Natal o filme O senhor dos anéis – o retorno do rei (The lord of the rings: the return of the king, EUA/Nova Zelândia). Ao final das três horas e vinte e um minutos de projeção, o público guarda uma certeza. O
diretor neozelandês Peter Jackson conseguiu adaptar para as
telas a gigantesca trilogia escrita na década de 50 pelo professor sul-africano J. R. R. Tolkien sem alterar a essência da saga. Mais ainda: o filme consegue atrair um público mais ligado à atual linguagem pop. Somados, os dois primeiros episódios (A sociedade do anel e As duas torres) arrecadaram em todo o mundo US$ 1,8 bilhão, quantia igual ao do supercampeão Titanic. Jackson também jogou as suas fichas na tecnologia, inaugurando a Weta Digital, empresa que desenvolve os seus próprios softwares responsáveis pelas incríveis cenas de batalha ou pelo asqueroso Gollum – criatura digital criada a partir dos movimentos e expressões do ator Andy Serkis. A história de Tolkien, passada numa terra imaginária cuja língua e geografia ele construiu meticulosamente, é maniqueísta. O bem enfrenta o mal e ele deve ser vencido porque só a bondade é infinita. Nada de lutas marciais, de hackers ou de complexas teorias surgidas recentemente na França.

  

No primeiro episódio, o mago Gandalf (Ian McKellen) forma a Sociedade do Anel. A sua finalidade é destruir o objeto nefasto (pertencente à entidade do mal Sauron) que se encontra nas mãos do hobbit Frodo Bolseiro (Elijah Wood). As duas torres a que se refere o título do segundo filme são o domínio do mal instaurado nas terras inventadas por Tolkien. O rei que retorna no fim da trilogia é Aragorn (Viggo Mortensen), membro destacado da sociedade, que, além de
hobbits e humanos, também conta com elfos e anões. Jackson viajou nas mesmas ondas de Tolkien e com muita imaginação transformou em imagens a galeria de seres bizarros do livro, como os orcs, os wargs, os ents e os olifantes. Todos ganharam vida graças à consultoria de Alan Lee e John Howe, desenhistas oficiais de qualquer produto relacionado à obra do professor africano. Jackson cercou-se de um elenco que gerou boas interpretações: Christopher Lee, Liv Tyler, Miranda Otto, Ian Holm, Cate Blanchett, Hugo Weaving. E certamente inscreveu o seu nome entre os grandes realizadores do cinema. Mais: virou celebridade em seu país porque nunca se falou tanto na Nova Zelândia desde que o kiwi tomou conta dos supermercados do planeta.