22/09/2011 - 16:56
Após reunião em Washington, onde o Fundo Monetário Internacional (FMI) faz seu encontro anual, o grupo dos Brics (união de emergentes formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) afirmou nesta quinta-feira que está aberto para oferecer suporte ao fundo ou outras instituições financeiras internacionais para lidar com os desafios da crise econômica, que atinge principalmente a Europa. No entanto, os representantes hesitaram em anunciar uma ajuda concreta em termos de valores, prazos e condições. "O espírito é de solidariedade", disse o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega.
De acordo com Mantega, todos os países do grupo concordam que a situação internacional se agravou e inspira cuidados. "Temos que impedir um salto qualitativo. Os Brics e outros emergentes têm mantido o ritmo de crescimento e não foram afetados nas funções vitais, mas há um risco de que a crise das dívidas soberanas não seja solucionada e resulte em outra crise global", afirmou.
Segundo o ministro, a Europa demora para encontrar soluções para o problema de dívida, que afeta principalmente Grécia e Itália no momento. Ele pediu rapidez, ousadia e cooperação aos representantes europeus para não perimitir que a crise se alastre. "O preço das commodities está caindo. Vai enfraquecer o crescimento dos nossos países, o que pode causar uma crise de grandes proporções", afirmou.
"Cada dia que passa a crise fica mais ampla e mais difícil de ser resolvida. Então a solução tem que ser rápida. A posição do Brics é de solidariedade com o G20, para ajudar os países avançados e os emergentes que precisaram de recursos no caso de uma crise com contágio", completou Mantega.
O ministro brasileiro também disse que o País continua a combater medidas protecionistas, apesar destas ficarem mais "tentadoras" em tempos de crise global. "Os Brics estão combinando de eliminar barreiras e facilitar o comércio", disse Mantega. Quanto ao recente aumento de 30 pontos porcentuais do IPI para a importação de carros, o brasileiro afirmou que "não é uma medida protecionista, mas que visa promover o desenvolvimento da tecnologia local".
Entenda
No auge da crise de crédito, que se agravou em 2008, a saúde financeira dos bancos no mundo inteiro foi colocada à prova. Os problemas em operações de financiamento imobiliário nos Estados Unidos geraram bilhões em perdas e o sistema bancário não encontrou mais onde emprestar dinheiro. Para diminuir os efeitos da recessão, os países aumentaram os gastos públicos, ampliando as dívidas além dos tetos nacionais. Mas o estímulo não foi suficiente para elevar os Produtos Internos Brutos (PIB) a ponto de garantir o pagamento das contas.
A primeira a entrar em colapso foi a Grécia, cuja dívida pública alcançou 340,227 bilhões de euros em 2010, o que corresponde a 148,6% do PIB. Com a luz amarela acesa, as economias de outros países da região foram inspecionadas mais rigorosamente. Portugal e Irlanda chamaram atenção por conta da fragilidade econômica. No entanto, o fraco crescimento econômico e o aumento da dívida pública na região já atingem grandes economias, como Itália (120% do PIB) e Espanha.
Um fundo de ajuda foi criado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Central Europeu (BCE), com influência da Alemanha, país da região com maior solidez econômica. Contudo, para ter acesso aos pacotes de resgates, as nações precisam se adaptar a rígidas condições impostas pelo FMI. A Grécia foi a primeira a aceitar e viu manifestações contra os cortes de empregos públicos, programas sociais e aumentos de impostos.