Calcula-se que 30% das mulheres acima dos 40 anos tenham mioma, um tumor benigno que surge na musculatura do útero. Para boa parte delas o problema passa despercebido. Mas, para outras, é comum ocorrer sangramento abundante fora do período menstrual. Se não for tratado, pode levar à anemia. Para oferecer às mulheres mais um recurso de tratamento, vários centros de saúde, como os hospitais Brigadeiro e a Santa Casa, em São Paulo, e o Hospital Universitário de Londrina (PR), estão substituindo as operações para retirada do útero (feita com cortes abdominais) pela cirurgia vaginal.

As técnicas tradicionais dão bons resultados, mas a intervenção vaginal apresenta vantagens por ser realizada de modo mais simples. A paciente recebe anestesia peridural. Em seguida, instrumentos específicos são usados para abrir o canal da vagina até o útero. Os médicos, então, cortam os vasos e ligamentos que prendem o órgão na região pélvica. Depois, com o auxílio de pinças cirúrgicas, o útero é retirado aos poucos e o canal vaginal é fechado com pontos.

A paciente deixa o hospital no dia seguinte e volta às atividades em
uma semana. A retirada do útero pela forma convencional obriga a
mulher a permanecer três dias no hospital. O retorno ao trabalho
pode demorar três semanas. Além disso, a operação pela via vaginal
não deixa cicatrizes. “Algumas nem acreditam que foram operadas”, diz Ricardo Pereira, um dos pioneiros da técnica no País. A agente de
saúde Silvia Brandão, 50 anos, que sofria com miomas havia 15 anos, receava fazer a cirurgia. “Achei que seria complicada, mas foi simples. Estou ótima”, conta.

As instituições que adotaram a técnica estão satisfeitas. “Os custos são significativamente menores”, afirma Thomaz Gollop, cirurgião do Hospital Brigadeiro, de São Paulo. A técnica é contra-indicada para quem tem endometriose (implante da camada interna do útero, endométrio, fora da cavidade uterina). “O problema pode levar o órgão a aderir a estruturas próximas, o que dificulta a sua retirada”, explica o ginecologista Arnaldo Ruiz, de São Paulo. Os miomas também podem ser controlados com remédios. A escolha pela melhor alternativa leva em conta fatores como a idade e se a mulher tem filhos.