Existem duas formas de fazer um compêndio de peças publicitárias. A mais fácil é colocar todas as escolhidas em sequência e mandar o volume para a gráfica. A mais bacana é convidar os melhores artistas naïf do País, fazer uma eleição das melhores peças a partir de um júri de 30 profissionais renomados e juntar tudo, de forma surpreendentemente harmoniosa, num belo tomo de quase 400 páginas. O Clube da Criação de São Paulo, uma entidade sem fins lucrativos que reúne a nata dos publicitários do maior mercado consumidor do País, optou pela segunda possibilidade ao confeccionar seu 28º Anuário, referente ao ano de 2002.

A concepção do trabalho é de Valdir Bianchi, da agência Duda Mendonça. “Os artistas naïf são pessoas que, além de um talento enorme e uma simplicidade riquíssima na execução de seus trabalhos, jamais se aproximaram de um festival de publicidade. Esta foi a intenção”, diz o publicitário, na introdução do livro… perdão, anuário. Gente quase anônima, como o paraibano Clóvis Jr. ou a paraense radicada no Paraná Corina Ferraz, ganha uma vitrine única para suas obras, sempre marcadas pela temática popular, cores fortes e simplicidade de traços.

Nada mais apropriado para um trabalho que reúne o melhor da produção publicitária num ano em que o País “escolheu um metalúrgico de esquerda para presidente da República”, nas palavras do presidente do clube, Carlos Righi. Temática popular à parte, quem levou a taça de Anunciante do Ano foi a Audi, com suas peças sempre ousadas para seus luxuosos produtos. Três profissionais – Sergio Toni, Hans Dammann e Armando Mihanovich (este já falecido) – foram homenageados ao ganhar o ingresso no “hall of fame” do clube. E tiveram direito, cada um, a um impagável retrato no estilo naïf.