A anedótica teimosia do pessoal do Banco Central apresentou finalmente uma novidade. Ela deixou de ser unânime. Aparentemente sensibilizados com a piada de mau gosto que foi a recente queda do crescimento do PIB e com as más notícias vindas da indústria, dois de seus diretores não concordaram com a pífia queda nas taxas de juros. Em vez do 0,5% sacramentado, eles prefeririam 0,75%. Também pífios, diga-se. Mas os dois diretores do BC foram minoria e, portanto, o Brasil continua sendo o campeão mundial em taxas de juros. Agora estamos no patamar dos 18%. A queda, diz a turma do Banco Central, tem que ser lenta e gradual. Sem solavancos.

Graças a eles, igualmente lenta e gradual, mas inexorável, vem sendo a queda da popularidade de seu chefe, o presidente Lula. Também os escândalos que abalaram seu governo contribuíram para as más notícias de fim de ano para o presidente. É o que mostraram as pesquisas CNI/Ibope e DataFolha, divulgadas nesta semana. Isso demonstra que há uma única certeza em relação às pretensões de Lula para sua reeleição em outubro do ano que vem. Ou seja, para o presidente a caminhada até as urnas será repleta de solavancos.