Craque do jornalismo esportivo, o comentarista Juca Kfouri, que há 11 meses é vovô de uma bela menina, lança o seu primeiro livro infantil, dedicado, obviamente, à netinha, Lulu. O assunto não poderia ser outro. Centrado nos irmãos gêmeos Joãozinho e Marinho, O passe e o gol (Editora Papagaio, 32 págs., R$ 25), com ilustrações de Eduardo Albini, trata do passatempo preferido de nove entre dez garotos brasileiros: jogar bola. Joãozinho é um artilheiro nato. Como Romário – o exemplo não é de Kfouri, bem entendido –, assim que a bola cai no seu pé só pensa no gol. Marinho, ao contrário, lembra mais um Kaká. Prefere armar a jogada e fazer os passes calculados, que não raras vezes levam ao tento. “Fico sempre dividido entre o passe, o drible e o gol, sofro para escolher o que mais gosto”, afirma Kfouri. “Me encanta um jogador como o Ronaldo Fenômeno, que é mais que um artilheiro, assim como me encantava o Sócrates, que jogava para o time, resolvendo tudo com simplicidade, ou hoje Robinho e Ronaldinho Gaúcho, fazendo peripécias driblando.”

Corintiano doente, Kfouri deu nome à cidade dos irmãos gêmeos de Corinthians. Segundo ele, por acaso. “Mas o ilustrador suavizou e, ao final, o uniforme do time deles ficou mais parecido com o da seleção paulista”, brinca. O volume inaugura a coleção Mascote, voltada para o público infantil, com histórias do universo do futebol, escritas apenas por jornalistas esportivos. “A idéia é soltar um livrinho a cada três meses. Como somos uma editora pequena, escolhemos os nomes a dedo”, afirma o editor Sérgio Pinto de Almeida, que já fechou com o jornalista José Trajano. Pensando no público um pouquinho mais velho, a editora paulistana lança também a série Clube dos Mistérios, com cinco livros de aventuras, todos assinados pelo jornalista de ISTOÉ Gente Fábio Farah. O primeiro deles é O enigma das estrelas (128 págs., R$ 26), ilustrado por Fê, sobre um grupo de adolescentes que acampam numa região montanhosa de Minas Gerais e se envolvem com supostos extraterrestres.

Numa linguagem ágil, que faz uso de recursos atuais como o e-mail, Farah envolve com sua trama bem embasada em lendas e na ufologia, que ajuda o jovem a pensar noções como o companheirismo e a amizade. De uma forma mais simples, já que se destina a pimpolhos de no máximo cinco, seis anos, O passe e o gol trata de valores parecidos. “Empenhei mais na idéia do coletivo. No Brasil se valoriza o artilheiro, e não o que passa a bola para o outro.” Uma metáfora que transcende os campos de futebol.