Enquanto o fogo amigo consome o PT paulista, que se divide entre a ex-prefeita Marta Suplicy e o senador Aloizio Mercadante, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia e seu PMDB saem na frente na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes. Depois de aparecer na tevê, três vezes neste ano, no programa do partido, Quércia passou a intensificar seu trabalho no interior, onde tem forte base eleitoral: ele governou o Estado de 1987 a 1991. Na pesquisa do DataFolha, divulgada na sexta-feira 16, Quércia surpreende ao vencer nos seis cenários simulados aos entrevistados pela pesquisa – três com a presença de Marta e três com a presença de Mercadante. Em apenas um deles, quando o candidato do PSDB é o ex-presidente Fernando Henrique e o do PT é o senador, o ex-governador empata tecnicamente. A margem de erro da pesquisa – que ouviu 1.798 eleitores nos dias 13 e 14 – é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Os números também surpreenderam o ex-governador. Feliz com os resultados, Quércia afirmou que mantém sua posição: “Ainda não sou candidato. Só vou me definir em março, abril, após as prévias do partido e de uma análise profunda do quadro nacional.” Aos 67 anos, começou a carreira política em 1963, quando se elegeu vereador por Campinas. Com a imposição do bipartidarismo, ajudou a fundar, em 1966, o MDB, que lutou contra a ditadura. Sua gestão como governador foi marcada por grandes obras viárias, principalmente no interior. Hoje, presidente do PMDB-SP, ele está presente nas articulações da legenda, que defende candidatura própria para a Presidência. Apesar das críticas à política econômica e à defesa da ruptura com o governo, Quércia tem boas relações pessoais com o presidente Lula, a quem apoiou em 2002. Nos últimos anos, ele passou a se dedicar também à vida empresarial. Para analistas políticos, Quércia surge como uma opção, a chamada “terceira via”, para o eleitor que se cansou do PSDB e do PT.