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AFINIDADE
Alckmin e Dilma trocam elogios durante assinatura de convênio do Rodoanel

É extremamente salutar para qualquer democracia que os diversos níveis de poder – municipal, estadual e federal – se relacionem bem, independentemente da coloração partidária de seus comandantes. Quando se assiste à troca de afagos entre a presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), como a que ocorreu em solenidade na cidade de Araçatuba (SP), na terça-feira 20, o País só tem a ganhar. Ocorre que essa parceria, classificada de “excepcional” por Dilma, é vista com muitas reservas no PSDB. Tradicionais caciques da legenda não olham com bons olhos a performance de Alckmin, cada vez mais forte no partido. Por trás das críticas, encontra-se um dilema que atormenta os tucanos nos seus redutos mais fortes, como São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Começa na dificuldade de ter nomes consistentes para disputar as eleições municipais de 2012 e se agrava na ausência de um projeto para se contrapor ao PT no plano federal.

Além da falta de candidatos nas grandes cidades, a legenda enfrenta a resistência dos diretórios municipais de lançarem candidaturas próprias e serem obrigados a se afastar dos atuais núcleos de poder local. Em Curitiba (PR), o PSDB decidiu manter o apoio à reeleição de Luciano Ducci (PSB) e, em consequência, deixou ao relento o ex-deputado federal Gustavo Fruet, que já havia se lançado como candidato pelo partido. Fruet tentou convencer a Executiva Nacional a interferir nas negociações, mas, segundo ele, a resposta foi um silêncio constrangedor. “O PSDB vive um ciclo desvirtuoso e suicida. Uma crise de assepsia”, diz Fruet, que, ressentido, deixou o ninho e está a caminho do PDT. Em Belo Horizonte, os caciques querem a manutenção da aliança em torno de Márcio Lacerda (PSB), que tenta se lançar à reeleição com o apoio do PT e do PSDB. Outro grupo projeta um voo independente. O problema é a falta de nomes competitivos.

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"O PSDB vive um ciclo desvirtuoso e suicida. Uma crise de assepsia"

Não bastasse a dificuldade de marcar seu lugar como oposição nas capitais, o PSDB também enfrenta graves problemas em São Paulo. Há divisões internas e falta de nomes competitivos. A avaliação é de que a candidatura de José Serra à prefeitura acomodaria todas as tendências partidárias. Sem outra opção com viabilidade e musculatura eleitoral para a campanha de 2012, a solução Serra seria para a cúpula tucana a única alternativa capaz de pôr fim à guerra fratricida que tomou conta da legenda. Serra, no entanto, espantou-se com sua rejeição nas recentes pesquisas de opinião e insiste que não tem interesse em entrar na disputa. Apareceram algumas opções para substituí-lo, como o secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, e o deputado estadual Bruno Covas. Alckmin tem defendido Covas. Já Serra, apoia o nome de Matarazzo. “É muito difícil uma decisão de consenso”, avalia o presidente municipal da legenda, deputado estadual Júlio Semeghini.

Em outras capitais onde o governador é tucano as dificuldades da legenda se resumem à falta de nomes com chance de vitória. Em Goiânia (GO), a esperança do PSDB é que o governador de Goiás, Marconi Perillo, construa um candidato. Em Maceió (AL), o voo dos tucanos esbarra no governador Teotônio Vilela, que ainda não decidiu se apoiará um nome do próprio partido. Vilela é conhecido por ser um governador governista na oposição. Entre tantas indefinições, os tucanos negam sua identidade e se dividem cada vez mais. 

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