i75714.jpg

A velha cachaça ganhou versões ousadas para atrair mais consumidores. Com a entrada em cena das versões saborizadas – de tangerina, limão e menta, entre outras – e das orgânicas, o mercado cresce e conquista os paladares mais sofisticados das classes A e B, além das mulheres. Para isso, mudam cor, embalagem, graduação alcoólica e sabor.

Numa época em que o ecologicamente correto ganha força, a orgânica surge com valores agregados como o equilíbrio ambiental e a responsabilidade social. "O consumidor sabe que não poluiu e que a produção não colocou a saúde de agricultores em risco com agrotóxicos", diz o comerciante Marcos Pazos Gonzáles, da loja Venda do Sítio, de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Com fama internacional, a paulista Tiquara ganhará um espaço exclusivo na Feira Nacional de Agricultura Familiar, que será realizada no Rio, este mês. Feita com cana biológica, em Jacuba, no interior de São Paulo, ela tem todo o processo manual. "Só eu e minha mulher produzimos os dez mil litros vendidos anualmente", diz Marcos Macedo, o criador. Tanto cuidado, obviamente, aumenta o preço da tradicional pinga, mas também modifica o ambiente em que ela é servida.

Os restaurantes já se adaptam aos novos tempos. O Aprazível, em Santa Teresa, no Rio, adotou a carta de cachaças, com 180 opções, no mesmo padrão que a dos vinhos. Segundo Pedro Honorato, um dos proprietários, é cada vez mais comum "ver casais em que o homem pede vinho e a mulher uma pinga." Atento à demanda, Honorato criou suas próprias marcas orgânicas: a Santa Cana, de quantidade limitada, e a São Pedro, feita em Angra dos Reis.

Também na onda, a gigante cearense Ypióca lançou, este ano, as cachaças saborizadas limão e frutas vermelhas e agora vai reduzir o teor alcoólico de 39° para 30°. A gerente Aline Telles afirma que, somadas à linha orgânica da empresa, as saborizadas já representam 15% da produção de 80 milhões de litros ao ano.