Como já ocorre há sete anos, na primeira quinzena de dezembro ISTOÉ premia os brasileiros que se destacaram durante o ano que se encerra. Escolher grupo tão seleto não é tarefa fácil, ainda que se tenha em conta que essas indicações jamais serão unânimes. Em um ano como 2005, marcado pela decepção provocada por denúncias que não pouparam governo, oposição e nem mesmo o futebol, a escolha dos brasileiros do ano ganhou contornos ainda mais complicados. Mas, apesar do tsunami político, muitos, como ISTOÉ, conseguiram atravessar o ano mantendo discursos e ações coerentes, preconizando um país capaz de crescer, de gerar empregos e distribuir riquezas. São lideranças políticas que mesmo postas no olho do furacão encontraram uma maneira de jogar para a frente, vestindo a camisa do desenvolvimento e driblando as adversidades que essa opção implica. A ministra Dilma Rousseff, a brasileira do ano 2005, chegou ao governo com a responsabilidade de manter o Brasil iluminado. Como ministra das Minas e Energia, entrou em campo tendo em seu encalço a implacável marcação do fantasma do apagão. Não deu bola e imprimiu uma política que nos coloca hoje na condição de superavitários em energia elétrica. No auge da crise que abateu os principais líderes do governo, foi escalada para comandar a Casa Civil e “gerenciar” as ações do governo. Não se abalou e com elegância refinada parece estar conseguindo flexionar a retranca imposta por uma política econômica que teima em manter os juros em alta e um polêmico superávit.

Dois governadores já em fase final do segundo mandato consecutivo também jogaram para a frente. Geraldo Alckmin, de São Paulo, entra no último ano de seu governo comandando um Estado que cresceu, no ano passado, 7,6%, muito acima dos 4,9% do crescimento do Brasil e dos 5,1% da média mundial. Para isso, deu um verdadeiro chapéu na forma conservadora de fazer política tributária. Ele diminuiu impostos para vários setores da economia e assim aumentou a arrecadação e fez seu Estado mais competitivo. Tudo resultado de um duro ajuste iniciado em 1995, que hoje o qualifica para a sucessão presidencial, tendo na agenda uma enormidade de obras sem abrir mão de superávit orçamentário. Também foi com obras como a ponte Juscelino Kubitschek e o metrô que o governador Joaquim Roriz, do Distrito Federal, enfrentou seus anos de governo, gerando empregos e desenvolvimento. Ele deixa como legado para o Distrito Federal 100% de saneamento básico e obras como a usina de Corumbá IV, que permitirá que o Planalto Central seja auto-suficiente em água pelos próximos 100 anos. Também quem tem jogado para frente é o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal. Dono de um estilo próprio, ele tem feito de seu posto uma trincheira na busca de uma Justiça mais rápida e eficiente. Condição fundamental para um país que precisa crescer.

Time vitorioso tem de ter meio de campo habilidoso. Na política, o deputado Michel Temer é um craque nessa posição. Presidente do maior partido brasileiro, ele conseguiu ao longo do ano manter o PMDB numa postura de sobriedade, apoiando e criticando o governo quando necessário. São jogadas de efeito nem sempre observadas pelas câmeras, mas fundamentais para qualquer equipe que se planeje vitoriosa. Como Temer, um outro brasileiro também se destaca pela habilidade. Esse, bem perto das câmeras. Trata-se do nosso Ronaldinho Gaúcho, e aqui não cabem metáforas. Ele é o artista da maior paixão nacional. Quando ganhou o título de Melhor Jogador do Mundo de 2004, entregue pela Fifa um ano atrás – uma façanha que esperamos se repita agora –, ele foi entrevistado por ISTOÉ. Sua resposta à pergunta sobre o que é uma boa jogada é um admirável exemplo de que para ser competitivo não é necessário ser egoísta, nem predador. Para Ronaldinho Gaúcho, uma boa jogada “é quando me vejo deixando a bola no pé de um companheiro na boca do gol. Aí eu durmo feliz”. Um exemplo brasileiro a ser seguido.