Demorou para que a administradora de empresas Natalia Werutsky, 27 anos, de São Paulo, descobrisse que era portadora de hepatite C. A doença é causada pelo vírus da hepatite tipo C e transmitida principalmente por contato com objetos contaminados por sangue infectado (a transmissão por via sexual é rara). Havia tempo, ela sofria com perda de peso, problemas gastrointestinais e cansaço – sinais da doença. Mas só recebeu o diagnóstico após passar por vários médicos. “O chão ruiu aos meus pés. Não sabia nada sobre a hepatite”, lembra. O desconhecimento a estimulou a buscar informações. Ao perceber que outros padeciam das mesmas angústias, ela resolveu relatar sua experiência no livro Hepatite C, minha história de vida (ed. M.Books). “Queria ajudar na disseminação de dados sobre o problema”, conta.

Iniciativas como essa são louváveis e necessárias. Afinal, há cerca de 200 milhões de infectados com o vírus do tipo C no planeta – três milhões no Brasil. Os infectados pelo vírus do tipo B somam mais de dois milhões no País e 400 milhões no mundo. E tanto o gênero B quanto o C podem demorar a dar sinais. “A hepatite não é motivo de grandes campanhas. A desinformação é o principal inimigo no combate à doença”, afirma o hepatologista Raimundo Paraná, da Universidade Federal da Bahia. As instituições de apoio aos portadores também se queixam de uma ausência de esforços públicos contra a hepatite. “Se o governo não priorizar a patologia, teremos uma epidemia de cirrose (possível conseqüência da hepatite)”, diz Francisco Martucci, presidente da ong C Tem que Saber C Tem que Curar.

Nesse cenário, a boa notícia fica por conta da melhora no tratamento, com a entrada de remédios mais modernos, como o interferon peguilado. Uma terapia bem feita pode baixar a nível indetectável a quantidade de vírus no corpo. Com base nos avanços, a Sociedade Brasileira de Hepatologia padronizou condutas para aprimorar o diagnóstico e o tratamento. Entre as sugestões está a inclusão, no SUS, de novas drogas contra a hepatite B.