Leandro dos Santos Silva, 24 anos, era flanelinha no Rio de Janeiro. Ele trabalhava em frente ao Copacabana Palace, usava colete de guardador autônomo e era registrado na CET-Rio desde 1999. Leandro ganhava entre R$ 500 e R$ 700 por mês e morava na favela da Parada de Lucas com a mulher e os dois filhos, de dois e três anos. Na quarta-feira 26, ele e uma líder comunitária da favela foram pedir proteção ao inspetor-geral da polícia do Rio e denunciar que, uma semana antes, oito policiais tinham torturado o guardador. Ele foi submetido a perícia médica, que constatou escoriações e hematomas causados por socos e pontapés. Leandro também relatou que tentaram asfixiá-lo com um saco plástico. Os policiais exigiram R$ 2 mil do guardador. Para pagar a extorsão, Leandro só conseguiu R$ 1 mil e, em desespero, foi pedir proteção. Na manhã seguinte, sem proteção, ele saiu para comprar pão, mas nem chegou à padaria. Foi morto na porta de sua casa. Testemunhas contam que os policiais mataram Leandro com dois tiros de pistola – um na cabeça –, forjaram um auto de resistência colocando um revólver na mão de Leandro e foram à delegacia registrar o caso. O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, mandou prender os oito policiais denunciados por Leandro e exonerou o chefe deles.

Nesta edição, ISTOÉ publica com exclusividade o chocante relato de Fabiano de Oliveira Costa. Ele presenciou o bárbaro crime contra o chinês Chan Kim Chang na sala de identificação de presos do presídio Ary Franco, também no Rio. Ele contou ao repórter Luiz Cláudio Cunha os sórdidos detalhes do crime e também os nomes dos presos e dos policiais que massacraram o chinês que vendeu sua pastelaria no Rio e estava se mudando para San Diego com US$ 31 mil não declarados na bagagem. Fabiano tem certeza que vai ser morto pelo que viu e pelo que contou. Assim como fez Leandro, Fabiano pede desesperadamente por proteção. O que se espera é que as autoridades punam os denunciados, como estão fazendo no caso de Leandro. Mas espera-se também que elas protejam o denunciante com eficiência. Coisa que não aconteceu no caso do guardador de carros no Copacabana Palace.