As cobranças dos credores mantêm a Varig em estado de alerta vermelho. Só para a Infraero, a estatal responsável pela administração dos aeroportos, a companhia aérea é obrigada a destinar, por dia, R$ 2,8 milhões. O repasse dos recursos arrecadados com a venda de passagens aéreas não pode ser interrompido, segundo a estatal, pois dele depende o uso dos aeroportos para as operações de pouso e decolagem dos aviões. A situação da empresa agravou-se porque em
2002 o aumento do preço do combustível de aviação ultrapassou
os 100%. As constantes elevações do preço do querosene de aeronáutica influíram para que o ano passado fosse um dos mais negativos para o transporte aéreo brasileiro, quando as companhias fecharam o exercício com prejuízos.

O novo presidente da empresa, Manuel Guedes, acredita na recuperação da Varig, que tem uma dívida de US$ 900 milhões. Uma consultoria especializada em administração aeronáutica, consultada por ISTOÉ, corrobora a posição do executivo. A companhia fez um novo acordo com a BR Distribuidora, já que o compromisso anterior era demasiadamente oneroso. Exigia o pagamento diário de R$ 5 milhões à estatal vinculada à Petrobras. Agora o pagamento pelo fornecimento de combustível pode ser feito no final de cada período de dez dias.

Outros credores aguardam o retorno do dinheiro: à GE a Varig deve
US$ 30 milhões e pode começar a pagar parte do dinheiro a partir
do segundo semestre. Ao Banco do Brasil a empresa deve US$ 8 milhões e ao Santander, US$ 15 milhões. Nos Estados Unidos há dívida de
US$ 50 milhões. No Japão, os credores esperam receber
US$ 180 milhões. O aumento dos prazos das dívidas é fundamental
para a recuperação da empresa, mesmo que ela receba um aporte
do BNDES ou de bancos europeus.

LONGA HISTÓRIA

A novata Gol, que acaba de completar dois anos, vendeu 20% de seu capital – o máximo permitido pela lei – para a seguradora americana AIG. O valor não foi revelado e o acordo será submetido aos órgãos reguladores. Nos seus 24 meses de vida, a Gol conquistou um expressivo espaço na aviação comercial brasileira com a estratégia de baixas tarifas. Segundo analistas, o negócio permitirá à empresa aliviar os altos custos de aquisição de aeronaves, já que a AIG tem uma forte operação de leasing.