Para voar, basta tomar as rédeas.” Com essa frase, de domínio público, o cavaleiro e fotógrafo paulista Fabrizio Fasano Jr., 42 anos, define o que o levou a abandonar
uma vida de festas, bons vinhos e alta gastronomia pelo hipismo. Filho mais velho do empresário Fabrizio Fasano, dono do hotel e da rede de restaurantes que levam o seu sobrenome, ainda criança ele percebeu que o seu prazer estava longe disso tudo. Assim como os personagens do filme Seabiscuit, em cartaz nos cinemas, ao primeiro contato com os cavalos de raça ele viu a sua vida mudar. Amante de fotografia, começou a passar as manhãs enfurnado
em haras, treinando salto e registrando imagens de garanhões. O resultado pode ser conferido em Duas paixões (Ophicina Books, 156 págs., R$ 150), seu primeiro livro de fotos e, claro, uma homenagem ao mundo dos cavalos.

Com 140 fotos, Duas paixões se divide em três partes. Na primeira, Fasano apresenta retratos dos animais. Na seguinte, descreve a relação de afeto entre o ser humano e esses bichos. No final, mostra uma série de fotos de saltos. Para guiar a leitura, ao lado de cada imagem, o autor incluiu frases sobre hipismo. Há orações tiradas de clássicos da literatura, da Bíblia e até do Alcorão. Uma das preferidas do autor é esta do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill: “Em vez de dar dinheiro a seus filhos, presenteie-os com cavalos.” Citando de cor fatos históricos, Fasano defende que, no passado, o cavalo foi tão importante como a internet. “Sou capaz de passar horas observando esses animais”, comenta. “Vê-los em movimento é como estar diante de um filme. É uma emoção comparável à que se tem diante do fogo ou das ondas do mar.”

Cada foto incluída em Duas paixões exigiu horas e até mesmo dias
de vigília e paciência. Munido de uma câmera digital Canon 1D, uma máquina que faz oito fotos por segundo, Fasano clicou cavalos em movimento, sem nenhum tipo de produção ou maquiagem. De todos, o que parece mais “fotogênico” é o lusitano Donaire, pertencente ao empresário paulista José Victor Oliva. Com olhos límpidos e pêlo branquíssimo, ilustra a capa do livro e ainda aparece em poses imponentes, tal qual um guerreiro romano.

Fasano também clicou seus próprios animais. O que rendeu as imagens mais divertidas foi For Pleasure, um irrequieto macho da raça west fallen. Num dos cliques, ele aparece com um penteado moicano, produzido ao acaso, por ter interrompido o passo em pleno galope. Outro destaque são os retratos de garanhões em poses majestosas. Jack in the Box foi fotografado trotando. Palacius J. Man surge de olhos saltados, como em estado de fúria, quando, na verdade, está apenas sacudindo a cabeça para afugentar uma mosca.

Campeão paulista de salto na categoria Master (acima de 40 anos), Fasano procurou transmitir ao leitor a emoção que só os cavaleiros experimentam. Fotos tiradas de dentro da arena ou do fundo do
fosso são complementadas por detalhes de equipamentos, como uma ferradura em brasa. Nas imagens de competições, o autor priorizou a sincronicidade de movimentos. Uma das imagens mais impactantes é a que mostra a amazona Cláudia Itajaí e sua montaria concentradas, momentos antes do salto. Há ainda uma série em homenagem ao cavaleiro José Roberto Reinoso Fernandes, morto em 2002, aos 53 anos. “Assim como o Luiz Trípoli me ajudou na carreira de fotógrafo, Reinoso foi o meu mestre no hipismo”, diz.

Fasano escolheu lançar Duas paixões em casa. A primeira noite de autógrafos será no restaurante Gero Rio, em Ipanema, no domingo 30. Na quarta-feira 3, ele recebe as maiores estrelas do hipismo no Hotel Fasano, em São Paulo. Nos dois eventos, a recepção ficará a cargo dos irmãos Rogério, 41 anos, e Andréa, 38, que administram a Casa Fasano.