O País está à venda. Não exatamente o Brasil, mas a continental exuberância dos seus destinos turísticos. Se depender do governo, do Ministério e dos empresários do setor, nossas fronteiras serão cruzadas por uma invasão estrangeira sem precedentes. A meta de aumentar o número de desembarques internacionais dos atuais 3,8 milhões de passageiros ao ano para 9 milhões até 2007 é uma das principais propostas do Plano Nacional de Turismo, lançado no início do ano. Para isso, a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) voltou-se para a promoção do País no Exterior e promete instalar, até fevereiro, pelo menos seis escritórios na Europa e três nos Estados Unidos. Em Washington e em Lisboa, os primeiros trabalhos já começaram. Madri, Roma, Paris, Londres, Berlim, Nova York e Los Angeles são as próximas etapas. Ao mesmo tempo, operadores especializados no receptivo internacional têm acompanhado o presidente da entidade, Eduardo Sanovicz, em caravanas a alguns destinos brasileiros, ainda pouco conhecidos lá fora. “Precisamos mostrar ao planeta que há muito mais do que praias e florestas aqui”, afirma Sanovicz. “Montamos um cardápio de destinos dividido em
11 setores – eventos, aventura, ecoturismo, pesca e golfe entre
outros – e mostramos aos operadores para que eles possam oferecer
aos clientes”, diz.

Os resultados começam a aparecer. A Infraero acaba de divulgar
um aumento de 12% no número de desembarques internacionais
em comparação ao ano passado. Além disso, a participação do
Brasil em feiras mundiais de turismo saltou de 15 em 2002 para 30
em 2003, expediente indispensável para desfazer o desconhecimento
em relação ao Brasil. A situação do Peru é exemplar. Cerca de 800 mil peruanos saem do País a cada ano. Enquanto 300 mil desembarcam
nos Estados Unidos, apenas 21 mil vêm ao Brasil. Parte do problema
está na ausência de um escritório da Embratur naquele país e na insuficiência de vôos e de campanhas.

MAMIRAUÁ (AM)
A revista americana Condé Nast Traveler elegeu a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá o melhor destino de ecoturismo do mundo. Outra revista, a Smithsonian, pôs o lugar entre os três destinos finalistas do prêmio Susteinable Tourism Awards. O New York Times também recomendou uma visita em seu suplemento de turismo. Enquanto isso, esse paraíso ecológico no coração do Amazonas continua pouco divulgado no Brasil. “Cerca de 80% da nossa ocupação é estrangeira”, admite Alyson Melo, coordenador do programa de ecoturismo. Três semanas atrás, 19 visitantes da Finlândia lotaram as dez suítes da Uacari Lodge, pousada flutuante a uma hora e meia de voadeira (barco a motor) de Tefé, no rio Solimões. O programa de manejo de pesca e o monitoramento de pássaros, jacarés e espécies endêmicas de macacos (como o uacari-branco) são mantidos pela comunidade local em um rico exemplo de desenvolvimento auto-sustentável. Em três dias, o turista percorre trilhas na mata, observa botos, passeia de canoa e pode visitar comunidades ribeirinhas.

Como chegar:
Uma hora e meia de barco pelo rio Solimões a partir de Tefé.
Onde ficar: Pousada Flutuante Uacari Lodge – (97) 343-4160 (R$ 900 por três noites o casal com pensão completa e passeios)
www.mamiraua.org.br
Quem leva:
Seis dias, saindo de São Paulo:
Ambiental – (11) 3819-4600 (R$ 3.580)
www.ambiental.tur.br
Cia Nacional do Ecoturismo – (11) 5571-2525
(R$ 3.580)
www.ciaecoturismo.com.br
Cinco dias, saindo de São Paulo:
FreeWay Adventures – (11) 5088-0999
(R$ 3.390)
www.freeway.tur.br

PONTA DO MEL (RN)
As falésias de Ponta do Mel e as dunas do Rosado, na praia vizinha, arrancaram suspiros da atriz Giovanna Antonelli durante a gravação do filme Maria, mãe do filho de Deus, de Moacyr Góes. A locação foi escolhida por preservar cenários exóticos semelhantes às paisagens desérticas do Oriente Médio. Cercada por salinas e poços de petróleo, Ponta do Mel ocupa posição privilegiada na Costa Branca, litoral do Rio Grande do Norte próximo à divisa com o Ceará. Há alguns anos, é cruzada por jipeiros de todo o mundo que fazem a rota Natal-Fortaleza. Apenas em 2001, o arquiteto Carlos Cavalcanti inaugurou a primeira pousada na região. O que mais chama a atenção do turista é a curiosa combinação de sertão e mar. O branco da areia se enlaça no vermelho da terra para pintar de rosa as dunas, emolduradas pela caatinga. Sertanejos guiam seus jegues e cabras no mesmo cenário percorrido por pescadores com redes nas costas. Na redondeza, o turista pode visitar centros extratores de sal e fazer passeios em Land Rover.
Como chegar:
De Natal, seguir pela BR-304 até Mossoró (271 km) e pegar a BR-110 (66 km).
Onde ficar:
Pousada Costa Branca – (84) 332-7062 (diárias de R$ 300 o casal) www.costabranca.com.br
Pousada Morro Pintado – (84) 9972-3670 (diárias de R$ 80 o casal) www.pousadamorropintado.com.br
Quem leva:
Seis dias, saindo de São Paulo, conjugado com Natal:
Cia Nacional do Ecoturismo – (11) 5571-2525 (R$ 2.890) www.ciaecoturismo.com.br
Quatro dias, saindo de Natal:
Cascadura Viagens Ecológicas – (84) 219-6334 (de R$ 935 a R$ 1.030) www.cascadura.net

 

Outras metas do Plano Nacional de Turismo inaugurado pelo presidente Lula são a criação de 1,2 milhão de novos empregos
no setor, a geração de
US$ 8 bilhões em divisas e o aumento de desembarques domésticos de 34 milhões
por ano para 65 milhões
até o final do mandato. “Os Estados precisam perceber que, mais do que opções de lazer, o turismo pode criar postos de trabalho”, discursou o ministro Walfrido dos Mares Guia na abertura do Encontro Comercial da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) na primeira semana de novembro. “É o negócio mais lucrativo
do planeta. Cerca de 10% do PIB mundial, aproximadamente US$ 4,3 trilhões, vem do turismo. No Brasil, não
chega a 3,5% do PIB”, diz ele. Para triplicar esse valor, o Ministério promete criar uma política de financiamento que sirva de combustível para a proliferação de viagens.
Como o risco é todo assumido pelas operadoras, poucas podem parcelar a compra de pacotes. Em breve, as operadoras poderão depositar os cheques pré-datados e receber, no ato, o valor total do contrato a juros inferiores a 2% ao mês.

Se a crise econômica que abateu nossos parceiros do Mercosul no ano passado provocou uma leve queda na curva de desembarques de estrangeiros no País, o brasileiro, apesar da crise, continua viajando. Números da Braztoa indicam um crescimento de 18% no faturamento entre 2001 e 2002 e rendimento de R$ 2,1 bilhões no ano passado. A boa notícia para a hotelaria brasileira é que, mais uma vez, o turista brasileiro deve permanecer no País. Nos Estados Unidos, por exemplo, o fluxo continua caindo. Estima-se que, ao fim de 2003, não passe de 334 mil o número de brasileiros desembarcados no país de George W. Bush. No ano passado foram 405 mil e, cinco anos atrás, 909 mil. Além do dólar alto e do fantasma de futuros ataques, mais um motivo promete afastar definitivamente o brasileiro dos aeroportos americanos: poucos estão dispostos a se submeter à rigorosa – e desagradável – maratona de fiscalização nas plataformas de desembarque.

Para satisfazer o turista interno, não param de surgir novos destinos.
As grandes operadoras, principalmente as especializadas em ecoturismo, mantêm uma constante busca por lugares exuberantes com infra-estrutura. A Freeway Adventures, por exemplo, renova a cada ano seu cardápio de roteiros. “Após 20 anos de atividade, ainda temos um espaço enorme para pesquisar. O Brasil parece ser fonte inesgotável de produtos turísticos”, comenta Edgar Werblowsky, diretor da empresa. Há quatro anos, a Freeway entrou no mercado internacional e, hoje, tem no Exterior cerca de 35% de seu público.

“Até lá fora há uma demanda crescente por destinos brasileiros fora do circuito Rio-Salvador-Foz do Iguaçu”, garante o diretor. A mesma constatação inspirou o Ministério do Turismo a promover o desenvolvimento de pelo menos três produtos de qualidade em cada Estado. “Fizemos um apelo aos governos para que, em parceria com os fóruns estaduais de turismo, apresentem projetos de gestão auto-sustentável dos produtos”, explica o secretário de políticas de turismo, Milton Zuanazzi.

Curiosamente, alguns dos mais encantadores recantos do Brasil – como alguns de nossos melhores músicos – são mais conhecidos no Exterior do que aqui. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, por exemplo, localizada à margem do rio Solimões, no Amazonas, foi eleita este
ano o melhor destino de ecoturismo do mundo pela revista Condé Nast Traveler e concorre com dois produtos da África pelo prêmio Susteinable Tourism Awards da revista Smithsonian, ambas dos Estados Unidos. Isso faz com que 80% dos visitantes no local sejam estrangeiros. Fenômeno semelhante acontece em algumas praias do Nordeste, como no trecho entre Natal e Fortaleza, rota visitada por jipeiros da Europa. Dentre as mais belas praias da região desponta a Ponta do Mel, onde a primeira pousada foi fundada há dois anos. Cercada por dunas e falésias, a praia caiu nas graças do diretor Moacyr Góes, que rodou no local o filme Maria, mãe do filho de Deus. Até hoje, a atriz Giovanna Antonelli desfila elogios à beleza da região.

ENSEADA DOS GANCHOS (SC)
Apesar da badalação de Florianópolis e das praias ao sul do Estado, como Garopaba e praia do Rosa, ainda há uma faixa de areia pouco conhecida em Santa Catarina. A enseada dos Ganchos, na cidade de Governador Celso Ramos, é o ponto de partida para passeios na região. De lá saem os barcos que levam às ilhas de Anhatomirim e do Arvoredo, consideradas os melhores pontos de mergulho do Estado, visitadas também por golfinhos, arraias e tartarugas. Na costa, a pequena Praia de Fora é a mais disputada. Para alcançá-la, é preciso caminhar desde a vila de Gancho de Fora, na orla vizinha, ou pegar um barco. Na ponta dessa praia, foi inaugurado há dois anos o charmoso resort Ponta dos Ganchos, com acesso a uma pequena praia particular. Um pouco ao sul, a praia de Palmas atrai a galera que curte agito.
Como chegar:
De Florianópolis, seguir pela BR-101 até a entrada da SC-410. Governador Celso Ramos
está a 41 km da capital.
Onde ficar:
Ponta dos Ganchos Resort – (48) 0800-6433346 (diárias a partir de R$ 975 o casal) www.pontadosganchos.com.br
Palmas Parque Hotel – (48) 262-8044 (diárias de R$ 280 o casal) www.hotelpalmas.com.br
Pousada Marina dos Ganchos – (48) 262-0334 (diárias de R$ 90 o casal)
Quem leva:
Sete dias, saindo de São Paulo:
Teresa Perez Tour – (11) 3365-4000
(R$ 4.177) www.teresaperez.com.br
Oito dias, saindo do Rio de Janeiro:
Formula Way – (21) 2533-8660 (R$ 3.830) www.formulaway.com.br

CHAPADA DAS MESAS (MA)
A Chapada das Mesas, localizada no exato meio de campo entre o semi-árido nordestino e a floresta amazônica, é destino obrigatório dos amantes dos esportes de aventura. Quem prefere ficar imóvel, imerso em águas cristalinas enquanto um jato de água massageia as costas, também tem vez na bacia do rio Tocantins. Na divisa entre os Estados de Maranhão e Tocantins, a cidade de Carolina ficou famosa como um dos trechos mais bonitos – e de difícil acesso – do Rally dos Sertões. Hoje, um número crescente de turistas vai até lá só pelo gostinho de vislumbrar de perto a cachoeira do Itapecuru, a Pedra Furada e a Pedra Caída. O município de Riachão, a 130 km de Carolina, guarda outros segredos, como o Poço Azul e a queda de Santa Bárbara.
Como chegar:
De São Luís, 860 km pelo eixo BR-135, BR-222 e BR-010. De Palmas (TO), 490 km pelas estradas TO-080, BR-153 e BR-230. O aeroporto mais próximo é o de Imperatriz (MA), a 230 km pela BR-010.

Onde ficar:

Pousada do Lages – (99) 531-2499 (diárias de R$ 40 por pessoa)
Recanto Turístico Pedra Caída – (99) 531-2318 (diárias de R$ 35 por pessoa)
Hotel Candeeiros – (99) 531-2243 (diárias de R$ 25 por pessoa)
Quem leva:
Quatro noites, saindo de Imperatriz:
Portal do Maranhão Viagem e Turismo – (98) 227-0202 (a partir de R$ 550) www.portalma.tur.br

 

PENÍNSULA DO MARAÚ (BA)
  A melhor opção para quem quer fugir das disputadas praias de Itacaré é rumar 20 quilômetros ao norte, por estrada de terra, e adentrar o paraíso preservado da Península de Maraú. Ali, em uma estreita e comprida faixa de terra, fica uma das praias mais bonitas do Brasil, a Taipus de Fora, com formações de corais que, na maré baixa, fazem a festa dos praticantes de snorkel (mergulho de superfície sem cilindro de ar). O acesso deve ser feito em veículos 4X4. Outra opção é seguir por estrada asfaltada até Camamu e cruzar de barco o estreito até Barra Grande, capital da península. Taipus de Fora fica a uma hora e meia de caminhada pela praia, mas há ônibus que fazem o trajeto a partir do centrinho da vila. Indo para a península, não deixe de tomar um banho de água doce na lagoa do Cassange e faça um passeio de barco pela baía de Camamu e pelo rio Maraú. Vale uma visita à vila de Cajaíba, onde é possível ver a fabricação artesanal de embarcações, e à cachoeira do Tremembé.

 

PARQUE NACIONAL DE JURUTIBA (RJ)
O primeiro parque brasileiro em área de restinga foi fundado em 1998 e, ainda hoje, permanece pouco explorado. O Ibama não concretizou o plano de manejo e ainda não disponibiliza uma política istemática de recepção de turistas. Mas quem quiser conhecer as maravilhas do local pode pôr a praia de João Francisco em seu roteiro de férias. Curiosamente, é um dos poucos trechos da costa fluminense que não faz parte da rota tradicional de turismo no Estado. Localizada no município de Quissamã, a praia contorna os limites do parque e, rodeada por duas lagoas, encanta pela diversidade a sua volta. O mar aberto, de água sempre agitada e correnteza forte, convida o banhista a passar a tarde descansando à sombra das palmeiras imperiais. Para percorrer as trilhas do parque e visitar as dunas de Quissamã aconselha-se contratar um guia local.

Como chegar:
Do Rio de Janeiro, siga pela BR-101 até a saída para Carapebus (205 km).
Tome a RJ-182 até a cidade (9 km) e siga pela RJ-178 até Quissamã (26 km). A praia de João Francisco fica a 10 km da sede do município.

Onde ficar:
Hotel Salles – (22) 2768-1074 (diárias de R$ 50 a R$ 70)
Pousada do Mano – (22) 2768-1064 (diárias de R$ 40 a R$ 50 )
Pousada Quissamã – (22) 2768-6714 (diárias de R$ 35 a R$ 50)

Como chegar:
O aeroporto mais próximo é o de Ilhéus. Siga pela BR-101 até Ubaitaba e
tome a BR-030 até Barra Grande (82 km por terra). O mais indicado é avançar pela BR-101 até Travessão, seguir pela BA 001 até Camamu (42 km asfaltados) e tomar um barco.

Onde ficar:
Pousada Lagoa do Cassange – (73) 255-2348 (diárias de R$ 230 o casal
com café da manhã e jantar) www.maris.com.br/pousadadocassange
Pousada Nascer do Sol – (73) 258-2211 (diárias a partir de R$ 147 o casal
com café da manhã e jantar)
Pousada Velas ao Vento – (73) 258-9069 (diárias a partir de R$ 132 o casal
com café da manhã e jantar) www.velasa ovento.tur.br

Quem leva:
Oito dias, saindo de São Paulo Cia Nacional do Ecoturismo – (11) 5571-2525
(R$ 2.443) www.ciaecoturismo.com.br
FreeWay Adventures – (11) 5088-0999 (a partir de R$ 2.160) www.freeway.tur.br
Ambiental Expedições – (11) 3819-4600 (a partir de R$ 2.400) www.ambiental.tur.br