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Um boletim emitido pela Defesa Civil de Santa Catarina na manhã desta sexta-feira (9) alerta para o aumento dos estragos causados pela chuva no Estado. São 615 mil pessoas afetadas, 24 mil desalojados, 14 municípios em situação de emergência e um em situação de calamidade (Rio do Sul). Além disso, ao menos uma pessoa morreu por causa das inundações.
 
A situação que mais preocupa as autoridades de Santa Catarina é com a inundação que deve ocorrer nesta sexta-feira em Itajaí, cidade localizada no litoral norte do Estado. A estimativa é de que pelo menos 80% do município seja alagado. Equipes da Defesa Civil permaneceram toda a madrugada de plantão na sede do órgão, na região continental de Florianópolis.
 
De acordo com o major Aldo Batista Neto, diretor de resposta a desastres do governo estadual, o cenário ainda pode se agravar consideravelmente nesta sexta-feira, principalmente na cidade de Itajaí. Toda a água que segue pelos rios da região desemboca no município, que já contabiliza vários pontos de alagamentos. "O quadro nos preocupa muito em Blumenau, Rio do Sul e em especial Itajaí. Toda essa água que desce pelo Vale e Alto Vale irá chegar à cidade nas próximas horas", disse. "Há também o rio Itajaí Mirim, que também verte e causa alagamos na região central".
 
Aldo destaca que a Defesa Civil tem trabalhado para retirar as famílias que vivem em áreas de risco de suas casas e levá-las a abrigos. O órgão já mapeou com antecedência os locais que devem ser inundados e o acompanhamento feito por toda a madrugada na sede do órgão, em Florianópolis, tem auxiliado a orientar os municípios. "Diferente do que ocorre em outros fenômenos, com a enchente acompanhamos as cotas dos rios e suas elevações e com isso podemos retirar as pessoas de casa a tempo", disse.
 
Representantes do governo federal estiveram na madrugada desta sexta-feira acompanhando os trabalhos na sede da Defesa Civil catarinense, em Florianópolis. O chefe de gabinete do Ministério da Integração, Gelson de Albuquerque e Gabriel Schadeck, diretor de minimização de desastres da Defesa Civil Nacional desembarcaram em Santa Catarina e devem seguir para as regiões afetadas nas próximas horas.
 
A primeira morte registrada pela Defesa Civil ocorreu na noite de quinta-feira em Guabiruba, cidade localizada a 100 km de Florianópolis. Valdemiro Carminatti, 66 anos, tentava arrumar o telhado quando sua casa desabou. Quando equipes de resgate chegaram ao local, ele já estava morto.
 
Chuva ultrapassa o esperado para o mês
 
O acumulado de chuva nas últimas 92 horas em Santa Catarina já ultrapassa 200 milímetros (mm) em alguns municípios. A Defesa Civil emite boletim com dados atualizados a cada 30 minutos. Os valores observados representam, na maioria das cidades, o volume esperado para o mês inteiro. No município de Campos Novos já choveu 221,6 mm.
 
O tempo continua instável com céu encoberto e chuva de intensidade moderada a forte no estado. Apesar da trégua em alguns momentos, a previsão do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri), para as próximas 24 horas, é chuva volumosa, com totais variando entre 70 mm e 100 mm, podendo superar esse valor em algumas localidades. Em Itajaí, um dos municípios mais atingidos pelas enchentes em 2008, a prefeitura reforça o alerta para as cheias, prevendo mais volume de água e maré alta para as 12h30.
 
Moradores pedem socorro viaTwitter
 
Moradores de Blumenau e de municípios da região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, usaram o microblog Twitter para pedir socorro ou tentar ajudar pessoas que estavam ilhadas devido às chuvas que vêm castigando o Estado de Santa Catarina. A rede social foi a forma utilizada na noite de quinta e madrugada desta sexta-feira para informar a Defesa Civil estadual sobre a existência de famílias que necessitavam resgate.
 
O Twitter do órgão catarinense registrou ao menos 20 pedidos de socorro em pouco mais de três horas. "As pessoas passaram a nos informar pela internet sobre a localização e situação em que as vítimas se encontravam", disse Fabiane Pickusch Costa, assessora de comunicação da Defesa Civil e responsável por manter a rede social durante a enchente.
 
Em um dos casos relatados, um casal e uma criança estavam sob o telhado de uma casa no bairro de Ituopava, um dos mais afetados de Blumenau. Vários moradores ainda pediram que equipes de resgate ajudassem a salvar uma mulher e uma criança que estavam ilhadas em uma moto na região central da cidade.
 
"Tivemos mais de 20 pedidos de ajuda exclusivamente pelo Twitter da Defesa Civil. Os casos foram repassados para os órgãos municipais, que providenciaram o resgate", disse Fabiane. Em apenas um dia, foram mais de 2.600 novos seguidores. "A função da plataforma é informar, mas ela contribuiu para socorrer pessoas que não podiam se locomover devido aos alagamentos", disse a assessora.