Renan Calheiros não admite publicamente. Mas tudo que ele deseja depois da derrota ocorrida na reunião da bancada do PMDB, na quinta-feira 16, é uma saída honrosa para a crise. Está disposto a aceitar um nome que não seja o seu, nem o de José Sarney, como candidato alternativo a presidente do Senado. O PT também não admite. Mas, agora que pagou sua dívida de campanha com José Sarney atropelando Renan, gostaria de um gesto de grandeza do
ex-presidente, abrindo mão da disputa e pacificando o PMDB. Ou
seja, a escolha do “tertius” também é vista pelo governo como a melhor saída para a crise. O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) não admite. Mas ele bem que gostaria de ser esse nome. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) também não admite. Mas acha que após os salamaleques de praxe para Renan e Sarney, se credenciou como a melhor solução. Enfim, a semana que entra já tem um tema pautado: haverá ou não o terceiro homem para comandar o Senado?
O chefe da Casa Civil, José Dirceu, não admite, mas…

 

Guerra no PSB

Candidato a presidente do PSB, o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, ficou irritado com uma declaração contrária à sua candidatura do braço direito de Garotinho na Câmara, o deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ). A declaração foi publicada nesta coluna, na edição 1735, e Lessa responde: “Sou candidato a fazer do PSB um partido com os velhos ideais do Miguel Arraes e com a agilidade do Garotinho. Se há conspirador no PSB não sou eu e a história prova isso. Caso o deputado queira encontrar traidor no partido, que procure no Rio de Janeiro.”

Encrenca com Sarney

A Polícia Federal deve fechar nesta semana o inquérito sobre aquele caso do coronel pego no Maranhão, com cerca de R$ 320 mil divididos em pequenos maços de dinheiro. A acusação, na época, era de que os bolinhos estavam sendo distribuídos entre prefeitos para apoiar o então candidato Reinaldo Tavares. Se a PF insistir na versão, vai ter confusão entre o PT e a família Sarney.

Cacique quer PT

Além de crimes contra os índios, a manutenção dos arrozais na terra indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima, promete gerar confusão em Brasília. Mais precisamente, no Palácio do Planalto. O governador Flamarion Portela (PSL) jura ter sido convidado pela direção nacional do PT para filiar-se ao partido. Diz que aceita, desde que Lula vete a lei de homologação da reserva. Demarcada em 1998, a área Raposa-Serra do Sol não foi homologada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso exatamente por causa das pressões dos caciques políticos do Estado.

Mistério da Previdência

Revendo os contratos fechados pelo Ministério da Previdência nos anos em que foi comandado pela bancada do PFL da Bahia, o atual ministro Ricardo Berzoini está intrigado com os contratos de prestação dos chamados serviços terceirizados. Foram quase sempre ganhos por uma mesma empresa. Baiana, é claro!

Os limites do império

Recado que Lula recebeu do governo de George W. Bush, logo que
foi eleito: os EUA não se importarão com os elogios da diplomacia brasileira ao Mercosul, as restrições à Alca, o namoro com Hugo
Chaves, e até a tietagem a Fidel Castro. Mas não será tolerada
qualquer ousadia brasileira em zonas de conflito internacional, como Iraque ou Coréia do Norte, ou pitacos na sacrossanta guerra
ao terrorismo. Daí o silêncio de Lula a respeito.

Rápidas

• Para reabrir o inquérito contra Pinheiro Landim, a Câmara poderá ter que reabrir o processo contra o deputado José Roberto Arruda por fraude no painel de votação do Senado.

• Na Câmara, diz-se que a idéia foi de Geddel Vieira Lima. Reabrindo o procedimento contra Arruda, a Câmara terá que pedir ao Senado a reabertura do processo contra ACM.

• Sílvio Pereira, secretário de Organização Partidária do PT, anda sempre com uma sacola. Nela é que está a lista de cargos de segundo escalão que o partido deseja.

• O Palácio do Planalto desconfia: a gafe cometida pelo presidente do Equador, trocando o nome de Lula, foi culpa do Itamaraty, que não divulgou o nome correto.