08/09/2011 - 12:20
A ocupação no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, completa dez meses com reclamações de todas as partes. O Exército alega que alguns moradores estão sendo usados pelos traficantes. E a população quer trocar os soldados pela Polícia Pacificadora. O comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Junior, vê uma "orquestração" criminosa nas ações verificadas desde domingo. "Estávamos envolvidos na investigação do que aconteceu, quando ocorreu a invasão", afirmou, referindo-se à ação de quatro militares que tentavam deter dois jovens vendendo drogas em um bar. "Ali começou o erro, (que foi) não perceber que se tratava de uma armadilha", disse, ao atribuir o episódio a uma estratégia do tráfico.
Ele refutou a versão de que o que motivou a reação dos militares foi a recusa dos frequentadores de baixar o som da TV. "Mesmo assim, os soldados foram afastados e um inquérito foi aberto para apurar o que houve." O comandante também classificou como "uma trama" o relato feito por uma mulher à imprensa dizendo que sua sobrinha havia sido morta durante o tiroteio. "Procuramos em todos os hospitais a noite toda. Isso foi plantado para piorar o clima." No entanto, o militar considera improvável que a ação se repita. "Foi um tiro no pé do tráfico. Ficou claro para a população que houve uma orquestração. O crime não quer a nossa presença lá", disse. "Existe tráfico lá dentro. Não há paz completa."
UPP
Morador do Alemão, o estudante Rene Silva Santos, de 17 anos, que ganhou notoriedade durante a ocupação de novembro, narrada pelo Twitter, e relatou a ação do tráfico anteontem pelo microblog, contou que os moradores voltaram a sentir um medo que já lhes parecia superado. "Hoje (quarta), já está tudo normal, mas à noite deu para ouvir bem os tiros."
Na comunidade, os moradores se dividem entre os que culpam a truculência por parte dos soldados e os que acreditam que uns poucos estão agindo sob influência dos traficantes. Só há um consenso: todos querem que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) substitua o Exército.
Ferido
Um homem ficou ferido após novo tumulto entre PMs da Unidade de Polícia Pacificadora e moradores da Cidade de Deus, zona oeste do Rio. Um morador foi atingido por uma bala de borracha durante a confusão, no início da noite de ontem. Tudo começou quando os policiais notaram, durante patrulha, um grupo que ouvia funk proibido, com letras de incitação ao crime. Eles pediram que o som fosse desligado e se iniciou uma confusão.