Todos os domingos de corrida, o piloto paulistano Giuliano Losacco, 28 anos, segue um ritual. O bicampeão brasileiro de Stock Car corre sempre com a mesma cueca e não muda a ordem de várias de suas ações, como afivelar o cinto de segurança primeiro do lado direito e depois do esquerdo. Desde a etapa de Londrina (PR), no final de agosto, tem outro amuleto – um terço trazido de Jerusalém por um fã. “A partir dali, as coisas começaram a dar certo”, diz o piloto. Naquela prova, Losacco, que tinha conseguido apenas cinco pontos nas três corridas anteriores, foi o quinto colocado, somando 12. O rival Cacá Bueno, que liderava o campeonato desde a primeira corrida e tinha 57 pontos de vantagem, ficou em 24º. Na Stock Car, pontuam os 15 primeiros.

Com o novo amuleto e outro ajuste na suspensão do carro, Losacco tirou a diferença. Antes da última prova, no domingo 27, a vantagem de Cacá era de apenas um ponto. Diante de 43 mil espectadores, Giuliano terminou a prova em terceiro, menos de meio segundo na frente de Cacá, mas com o exato número de pontos de que precisava. Levou o campeonato por 166 a 165. Bueno foi o vice pela terceira vez consecutiva. “Na última curva, vi que ele não tinha como chegar. Foi a maior emoção da minha vida”, relata o campeão.

Ganhar duas vezes o campeonato mais importante do automobilismo nacional não lhe dá vida de magnata. Giuliano ainda não conseguiu comprar uma casa própria e só agora vai substituir sua picape Ford Ranger de 1994 por um Astra zero que ganhou da General Motors, patrocinadora da Stock. O acordo com a atual equipe, a Medley, vai até o final de 2006, e Losacco já faz planos para o futuro. “Meu sonho é correr na Nascar ou na DTM alemã (duas das principais categorias do automobilismo no mundo)”, revela. A americana Nascar, ele já experimentou. “Fiz testes em junho e pretendo fazer outros em janeiro. Se tudo der certo, farei duas corridas no ano que vem.” O plano é disputar a temporada de 2007 nos Estados Unidos numa equipe de ponta.