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AVENTURA Ele irá dos EUA à Austrália

Bonito, inteligente e rico, ou melhor, bilionário, David de Rothschild é também chamado de maluco. Herdeiro de um dos maiores bancos da Europa (que leva seu sobrenome), esse britânico de 31 anos é famoso não só pelo título de solteiro cobiçado, mas por suas arriscadas aventuras ecológicas. Já se embrenhou na Amazônia, navegou pelo Polo Norte e, agora, pretende atravessar o oceano Pacífico em um barco de plástico reciclado. Batizado de Plastiki, o catamarã está sendo construído em São Francisco, nos Estados Unidos, e deve começar em dezembro a travessia que vai durar aproximadamente três meses até Sydney, na Austrália.

OUTRAS AVENTURAS…

Durante três meses, em 2006, ele percorreu o Polo Norte, da Rússia ao Canadá – daí o nome Topo do Mundo para a expedição. Mas foi obrigado a interromper a missão antes do esperado porque o gelo estava derretendo

Entre abril e maio de 2007, o britânico se embrenhou na cerrada Amazônia equatoriana, onde rios foram contaminados por empresas petrolíferas. Por isso, a aventura foi batizada de Tóxico
 

Serão cerca de 20 mil quilômetros. O objetivo é totalmente ecológico: incentivar novos usos para esse material poluente. A rota prevê uma passada pelo Giro do Pacífico Norte, uma zona de convergência de correntes que virou um imenso lixão flutuante – principal-mente de plástico. Mas é justamente por ser uma novidade que a embarcação representa um risco: ela pode não suportar as condições do mar e do clima, o que geraria um efeito contrário ao desejado. Sujaria ainda mais a água com as mais de 12 mil garrafas PET usadas na construção. Sem contar o risco de vida. Daí Rothschild ser também chamado de maluco.

Embora ele não revele o valor gasto na empreitada, sabe-se que custou milhões. O dinheiro, garante, veio de patrocinadores, não da fortuna de sua família. O estilo de vida de seus parentes é, ao contrário, alvo de críticas. “Eu poderia fazer o que meu primo Nat (um playboy) faz e dar festas num iate. Poderia reunir figurões num fundo de investimentos e fortalecer um sistema que acredito estar destruindo nosso planeta, mas eu não faço isso”, justificou ao jornal britânico “The Guardian”. Sua ideia de construir um barco de plástico surgiu, de estalo, ao ver uma garrafa.

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OBRA Doze mil garrafas PET serão usadas na construção do catamarã

“Eu pensei: ‘É isso. Um barco feito de garrafas!’”, conta. Três anos de trabalho depois, conseguiu chegar a um modelo de navegação que parece viável. Os dois cascos do catamarã foram preenchidos com garrafas “pressurizadas”. Quando se coloca gelo seco numa garrafa de plástico, ele vira um gás que se expande e torna a embalagem tão dura quanto pedra. O resto da embarcação de 60 pés (ou 18 metros) também foi feito de plástico reciclado. Agora, é torcer para a aventura ser bem-sucedida.