No Dia Nacional da Consciência Negra, quinta-feira 20, o presidente Lula viajou de Brasília para União dos Palmares, na serra da Barriga, em Alagoas. Lá, em 1694, foi destruído o Quilombo dos Palmares e, no ano seguinte, Zumbi, seu líder, foi morto. Lula, o primeiro presidente da República a pôr os pés no poeirento terreno do quilombo, durante as solenidades assinou três decretos: um deles cria o Conselho Nacional de Igualdade Racial, outro regulamenta terras dos remanescentes dos quilombos e o último lança a política de igualdade racial. Nesta edição de ISTOÉ uma reportagem e uma entrevista abordam os temas dos decretos presidenciais. Os repórteres Ana Carvalho e Ricardo Giraldez foram visitar no litoral norte de São Paulo um povoado de remanescentes do Quilombo Cambury. Se depararam com uma pequena comunidade analfabeta, que luta para demarcar a terra e sofre com a ação de grileiros, políticos e até pastores evangélicos. Cláudio Camargo e Kátia Mello entrevistaram o professor Hélio Santos. Militante negro, autor do livro A busca de um caminho para o Brasil, Santos é implacável em sua análise sobre a desigualdade racial. Para ele não há propostas públicas “para o
Brasil de carne e osso” e vai mais além quando diz que a retomada
do investimento tem que ter uma proposta para os milhões de analfabetos funcionais “para os quais não tem que ser discutido o trabalho, mas a empregabilidade”.