Há algo do universo rodrigueano em Do que
os homens têm medo
(Objetiva, 148 págs.,
R$ 22,90), cujo enredo envolve machos impotentes, avós prafrentex, garçonnière e mulheres adúlteras fogosas, entre outras
coisas. Óbvio seria supor que se trata de
herança genética, já que a autora, Sonia Rodrigues, é filha do famoso dramaturgo que atacava temas como virgindade, traição, obsessão sexual, etc. Pode ser. Desde que a conexão com Nelson Rodrigues não diminua o valor de Sonia, escritora com mais de 20 livros publicados, além de roteirista, jornalista e dona de um estilo denominativo de sua própria peculiaridade – bastante feminina – de narrar as aflições de quem ama e não é correspondido, ou ama, mas é canalha, ou não ama, mas é fiel. A obra reúne sete contos e muitos medos que afligem quem se apaixona.

No texto que dá nome ao livro, Sonia faz um emocionante mea-culpa de um homem idoso que se apaixonou por uma mulher bem mais jovem e nunca assumiu o filho que teve com ela. O relato esbanja canastrice ao mesmo tempo que emociona, já que este homem está à beira da morte. Numa outra ponta, a autora cronometra os desencontros modernos em End of transmissions, no qual o e-mail tem participação especial. Uma mulher solteira e um homem casado têm sua aventura ligada ao trabalho e às mensagens eletrônicas com vários Re:Re:Re:. Tudo em Do que os homens têm medo foca o desejo e acerta o coração. É um bom livro.