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Nunca os brasileiros renovaram com tanta rapidez os modelos de seus televisores, computadores, aparelhos de som e outros eletrônicos. Como consequência, surge um problema: ao adquirir um novo, o que fazer com o antigo? Quem não joga direto no lixo geralmente entrega para algum catador. Livra-se do problema doméstico, mas cria um ainda maior para o meio ambiente, já que esses produtos contêm uma série de metais e componentes químicos tóxicos. Enquanto o consumo aumenta, impulsionado pelo crescimento econômico, as políticas públicas para o descarte desse tipo de lixo não evoluem na mesma intensidade. Segundo um relatório da ONU, o Brasil é o país emergente que mais gera lixo eletrônico de computador por pessoa. “É preciso um trabalho de conscientização, além de um programa de metas e de multas para quem não cumpri-las”, defende Ronylson Freitas , 30 anos, diretor da empresa Reciclo Ambiental e da recente Associação Brasileira das Empresas de Reciclagem de Eletroeletrônicos. Enquanto isso não acontece, o problema só vem aumentando.

Existem hoje no Brasil cerca de 15 empresas de reciclagem de lixo eletrônico com licenciamento ambiental que dão a destinação correta aos materiais. Localizadas principalmente no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em São Paulo, essas unidades são as responsáveis por fazer a coleta e a separação dos materiais e pelo envio para a reciclagem. Engenheiro ambiental da empresa gaúcha GR2 Gestão de Resíduos, localizada em Santa Maria, Gilson Pioverzan Júnior, 35 anos, diz que a quantidade de material reciclada é muito pequena se comparada com a que se produz, embora o interesse seja crescente – impulsionado pela criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). “O serviço ainda não é economicamente atrativo para as empresas”, afirma. A Reciclo Ambiental, por exemplo, trabalha utilizando somente 10% de sua capacidade instalada, que é de 150 toneladas por mês.

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CONSCIÊNCIA
Para Freitas, da associação de empresas do ramo, falta informação à população em geral

Também ainda são poucos os municípios que compraram a ideia. Pompeia, em São Paulo, é um deles. Há dois anos a prefeitura decidiu educar a população e oferecer solução ao problema. Foi feita campanha em outdoor, rádio, jornal e folhetos, além de palestras nas escolas. Lojas de eletrônicos viraram postos de coleta e a cidade já ofereceu destinação correta a 15 toneladas de eletrônicos. “Temos de cuidar bem do lugar em que vivemos. Ou então vamos tomar sopa de metal no futuro”, afirma Jomar Stradelli, 55 anos, secretário de Meio Ambiente. O município, no entanto, ainda é exceção. Iniciativas mais comuns no País são os grandes mutirões periódicos. Para Gustavo Fonseca, 24 anos, diretor da empresa americana de soluções para reciclagem TerraCycle, o problema está aí: a população ainda não sabe para onde levar esses produtos. “Nos EUA, por exemplo, existe uma indústria parecida com a das latinhas de alumínio para o lixo eletrônico. O Brasil não tem essa cadeia formada, a sociedade tem que ir atrás”, diz. As empresas têm até 2014 para se adaptar à PNRS, mas quem quiser se antecipar deve pesquisar as alternativas disponíveis em cada cidade. Eletrônico inútil é lixo perigoso e tem que ser tratado como tal. 

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