Fim de ano é sempre uma festa. Pode faltar tudo, menos o clássico brinde com espumante e os votos de saúde e muito dinheiro no bolso. Em geral, a rolha explode longe e a espuma se espalha pela areia da praia ou sobre a toalha da mesa, apesar de a etiqueta condenar o barulhento ritual. Mas como nem todo mundo tem coragem de desperdiçar porções generosas do autêntico champanhe – feito na região de Champagne, no norte da França – o jeito é investir em produtos mais democráticos, com preços menos aviltantes. Aliás, o nome tradicional é exclusivo dos produtos daquela região, feitos a partir da dupla fermentação de tipos específicos de uva. Na Espanha, festeja-se com cavas, da mesma maneira que na Itália a alegria fica por conta dos proseccos. No Brasil, é obrigatória a denominação espumante e, segundo Aguinaldo Záckia, presidente da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, os produtos tupiniquins nada ficam a dever aos similares daqueles países. “Os espumantes são os melhores vinhos produzidos no País. O Chandon Excellence, por exemplo, é melhor do que os cavas e a maioria dos proseccos”, garante. Ele se refere à prata da casa da Chandon, a mesma que acaba de inovar com o lançamento da versão Rouge, um espumante tinto.

Sensação – A despeito da preferência do enólogo paulista, no entanto, os proseccos têm se firmado como a sensação do momento. Produzidos na região do Veneto, foram adotados pelos organizadores de dez entre dez coquetéis e vernissages no Brasil e prometem dominar o réveillon. Conforme números da Product Audit International, das 264 mil caixas de espumante importadas em 2000, 89 mil foram de proseccos e apenas 46 mil de champanhe. Este ano, estima-se um salto para 125 mil caixas do espumante italiano, enquanto o índice do produto francês deve continuar o mesmo. Dentre os italianos, o Nino Franco Rustico é um dos melhores. “Os proseccos são mais leves que os champanhes e se adaptam melhor ao clima quente. Não têm o mesmo apuro no aroma, mas caem como uma luva para um fim de ano tropical”, acredita Luiz Gastão Bolonhez, 38 anos, diretor do departamento de vinhos da Expand, a maior importadora da bebida no País. Só não se pode confundir prosecco com frisante. “A pressão é menor no frisante e o método de produção é diferente. Diante do prosecco, parece uma coca-cola aberta no dia anterior que perdeu parte do gás”, diz.

Usando uma gravata inteira desenhada com garrafas de champanhe, Gastão só não troca o Nino Franco pelo maior tesouro importado por sua empresa, o champanhe rosé Taittinger Millésime, com safra especial de 1995. Seu reinado só é ameaçado por divindades do quilate de um Dom Perignon, champanhe da Moët & Chandon francesa e safra de 1993, um Grand Cuvée da Krug e a especialíssima edição da Piper Heidsieck Rare embalada com um corpete vermelho assinado pelo estilista Jean Paul Gaultier. Importadoras e lojas especializadas já estão com as prateleiras cheias. Tintim.