No passado, festas de aniversário e casamento eram eventos dispendiosos, que exigiam meses de planejamento. Para fazer bonito, o anfitrião empenhava verdadeiras fortunas. Hoje em dia, tendo fama e alguns amigos influentes, é possível fazer o mesmo, sem gastar quase nada. Tudo por conta dos patrocinadores. Empresas interessadas em aliar suas marcas a gente bonita, capaz de atrair mídia espontânea, são as responsáveis pela maioria das festas das celebridades. Na semana passada, o casamento da cantora Symony com o rapper Cristian Augusto, o Afro-X, chamou menos a atenção por seu requinte do que pela extensa lista de “apoios” incluída no convite. Dos R$ 400 mil gastos no evento, menos de 20% saíram do bolso da cantora. “Eu mesma ligava para as pessoas em busca de patrocínio”, conta. “Sentava no chão da sala com os representantes de cada empresa e escolhia o que queria.” Aos padrinhos, ela pediu passagens aéreas, hospedagem em hotel, tevê e sofá. Dos 19 patrocinadores, solicitou serviços: dia da noiva, arranjos de flores, coral, orquestra. O vestido Ronaldo Esper, os sapatos Fernando Pires e a até a lingerie da lua-de-mel também tiveram custo zero. “Não me envergonho”, diz Symony. “Foi uma troca interessante para mim e para eles.”

Por exibir os bastidores de seu casamento de R$ 1,5 milhão, Carla Perez teve sua imagem chamuscada. No menu da festa, realizada em 25 de outubro, na Costa do Sauípe, constavam os nomes de 19 empresas, entre elas três fabricantes de bebidas, um salão de beleza, uma loja de trajes de gala, uma companhia aérea e dois hotéis que cederam 250 suítes para a apresentadora alojar seus amigos. Carla teve a idéia ao receber um “kit” idêntico para um casamento de um grã-fino paulistano. “Ao repetir o gesto, ela quis ser gentil com quem ajudou. Mas a imprensa não entendeu e criticou”, narra a florista Kátia Jannini. Responsável pela decoração da festa, ela encabeça a lista de agradecimentos, mas garante que cobrou pelo serviço.

Carla Perez foi a primeira celebridade a escancarar uma troca de favores – comum no meio artístico, mas jamais declarada. Em geral a parceria patrocinadores/famosos é mais discreta. Por vezes, se restringe à cessão de um espaço, em dias de pouco movimento. Pode ser um restaurante, uma danceteria ou até um parque de diversões como o Hopi Hari, que abriu suas portas à noite para que Adriane Galisteu celebrasse seu aniversário ao lado de 500 amigos. Outra forma de permuta é o fornecimento de bebidas, em troca de alguma menção ao patrocínio. No aniversário da apresentadora Babi, por exemplo, a Chivas Regal doou 5 caixas de uísque 12 anos, a um custo de R$ 5 mil. “Colocamos modelos servindo o produto e um projetor luminoso com a nossa marca”, diz Mônica D’Andrea, representante da empresa.

Para quem não se importa em ter suas festas envoltas em propaganda, ter patrocinadores é mesmo um prato cheio. Que o diga Alexandre Ferreira, 25 anos. Colunista social em Brasília, ele conseguiu fazer sua festa de aniversário sem pôr a mão no bolso. Primeiro, pediu emprestada uma casa no Lago Sul. Depois, deixou uma fabricante de sucos instalar um balão de três metros no jardim, o bufê exibir placas e a empresa locadora de limusines distribuir panfletos aos convidados. A montadora Audi lhe deu 200 camisetas-convite com o nome de todos os patrocinadores. “Meu aniversário ficou parecendo uma feira, mas ninguém reclamou. Quem usa dinheiro para fazer festa é porque não tem amigos influentes”, conclui, sem cerimônia.