No final de agosto, nosso correspondente nos Estados Unidos, Osmar Freitas Jr., tomou um avião em Nova York rumo à Inglaterra, convidado para participar da festa comemorativa dos 150 anos da America’s Cup, a fórmula 1 do iatismo mundial. Osmar tinha agendada uma entrevista exclusiva, na ilha de Cowes, com o velejador e herói da Nova Zelândia, Sir Peter Blake. Bicampeão da competição em 1995 e 2000, ele falou sobre seus planos de vir ao Brasil. Blake passou de esportista a ecologista militante, fundou uma empresa de pesquisa e exploração, a Blakexpeditions, e, com o patrocínio da Omega e apoio da ONU, planejava navegar mundo afora com uma equipe de pesquisadores.

Começou pela Antártica, onde passou janeiro e fevereiro com seu barco de 36 metros, o Seamaster. Por meio da internet, disponibilizava um rico diário de bordo com fotos para uso em escolas no mundo todo. O objetivo do projeto era promover e proteger a vida dentro d’água, sobre as águas e em volta delas. Depois do Pólo Sul, o destino era o rio Amazonas. Levantou âncora, no dia 1º de setembro, do Yacht Club Argentino, em Buenos Aires, e um mês depois chegava a Belém.

Osmar comentou, na entrevista feita na ilha de Cowes, os riscos da região, principalmente por causa dos conflitos na Colômbia, e perguntou se Blake não temia por sua segurança. Como resposta, o navegador disse que, se o pior acontecesse, ofereceria dura resistência a ataques.

Na quinta-feira 5, o mundo chocou-se com a notícia da morte do navegador. E ela não foi uma consequência dos conflitos na Colômbia. Na noite da quarta-feira 4, no Amapá, o Seamaster foi abordado por piratas brasileiros, que roubaram um motor de popa, uma bússola e o relógio Omega do velejador. Peter Blake foi morto com um tiro no peito.

Triste notícia. E mais triste que tenha sido aqui.