i134109.jpg

O ator paranaense Tony Ramos só fez nove filmes em 45 anos de carreira. Mas a quantidade foi suficiente para colocá-lo como um dos galãs que mais atraem público aos cinemas. Se for considerado apenas o período da chamada Retomada, iniciado em 1995, Tony já levou aos multiplex 11,6 milhões de pessoas. Estrela do filme mais visto deste ano e de toda a Retomada ("Se Eu Fosse Você 2", com 6,1 milhões de espectadores), ele deve somar à sua tragetória mais um recorde quando estrear, na sexta-feira 14, o seu mais recente trabalho – "Tempos de Paz", dirigido por Daniel Filho. Se o filme repetir o sucesso da peça em que é baseado e que era estrelada justamente por ele e Dan Stulbach, Tony será o ator mais poderoso do cinema nacional. Esse posto é ocupado atualmente por Selton Mello, cuja capacidade de mimetismo o permite encarnar qualquer tipo e fez dele uma espécie de símbolo do filme de qualidade./wp-content/uploads/istoeimagens/imagens/mi_5236698153404970.jpg

O protagonista de sucessos como "Meu Nome não é Johnny" e "A Mulher Invisível" coleciona um público de 12 milhões de pessoas. Do lado das mulheres, a imbatível é Glória Pires, que será dona Lindu em "Lula, o Filho do Brasil", e que acumula uma cifra de 13,5 milhões de espectadores. Junto a Tony, Selton e Glória, outros nomes destacam-se com um currículo cinematográfico de muitos dígitos: Wagner Moura, Marieta Severo e Débora Falabella. Naturalmente, a presença de um deles num título novo é garantia de bons ventos para o projeto.

Comum nos EUA e um forte medidor de tendências de mercado, essa bolsa de atores começa a virar realidade no País. Na quartafeira 5 foi divulgado pela Ancine (Agência Nacional de Cinema) os primeiros resultados do Fundo Setorial do Audiovisual, que vai destinar um montante de R$ 74 milhões para aquecer a produção, distribuição e exibição de filmes nacionais. Um dos itens que entram na avaliação dos projetos a serem aprovados é justamente o elenco. Ou seja, se um produtor conseguir seduzir para o seu longa-metragem nomes como os citados acima, suas probabilidades de abocanhar verbas ficam bem maiores. Segundo a Ancine, a pontuação para atores, quando o que se pleiteia são recursos para a produção, é de dois pontos, o que não é nada desprezível.

O planejamento comercial por exemplo, é avaliado em três pontos. Diretora da Bananeira Filmes, a produtora Vânia Catani acha que a importância dada ao elenco é positiva e sinaliza um amadurecimento da atividade no País. "Essa bolsa de atores está começando a existir", diz ela, que reuniu para uma de suas novas produções justamente os dois pesos-pesados do momento – Selton e Tony. A dupla vai protagonizar o longametragem "Inferno Provisório", de José Luiz Villamarim, baseado no romance de Luiz Ruffato. "O Selton, o Tony e também a Glória são hoje os grandes bestsellers".

/wp-content/uploads/istoeimagens/imagens/mi_5236835469280897.jpg

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Produtora do filme "Feliz Natal", trabalho de estreia de Selton como diretor, Vânia constatou isso ao fazer um estudo detalhado da performance do ator cujos resultados estão sendo bastante úteis em sua corrida aos investidores. Ficou claro que os filmes que ele protagoniza, como "Lisbela e o Prisioneiro" (3,1 milhões de espectadores) e "Meu Nome Não é Johnny" (2,1 milhões), tinham resultados bem melhores que aqueles em que ele aparecia como coadjuvante, caso de "Os Desafinados" (194 mil). "Ele é vendedor de ingressos. Tem gente que vai ao cinema para vê-lo." Segundo o pesquisador de cinema Fernando Veríssimo, subeditor do site Filme B, especializado no mercado cinematográfico, nossa realidade está longe da americana, mas hoje já é possível enumerar uma lista dos atores que fazem diferença em títulos inéditos.

"O cinema brasileiro está descobrindo suas estrelas e esse casamento está no início." O que se tem observado é que já não é mais válida aquela antiga regra de marketing segundo a qual um filme faz sucesso mais fácil se o seu protagonista estiver brilhando em algum programa global. O onipresente Selton, por exemplo, está há 12 anos longe das novelas.

Que artistas populares chamam público é uma regra óbvia do show business. Mas não basta ter uma estrela num projeto para que ele seja bem-sucedido – e é isso o que os produtores brasileiros estão aprendendo, depois de perder muito dinheiro com dinossauros cinematográficos que foram um retumbante fracasso. A produtora Mariza Leão, que tem no currículo sucessos como "A Guerra de Canudos", usa uma receita dos sertões para explicar a equação: "É como um baião de dois. Não basta só o feijão." É nessa constatação que se verifica uma maturidade na composição do casting. Dono dos filmes de maior sucesso da Retomada, o diretor Daniel Filho tem se destacado nesse quesito e para isso basta examinar a ficha técnica de filmes como "A Partilha" (com Glória Pires) e "A Dona da História" (com Marieta Severo e Débora Falabella), outros hits das telas. Sua parceria com Tony é outra prova.

O ator está também no próximo filme de Daniel, "Chico Xavier", cinebiografia do médium de Uberaba que promete ser o arrasa quarteirão de 2010. O líder espiritual será interpretado na juventude por Ângelo Antônio, que brilhou como o pai dos protagonistas de "2 Filhos de Francisco". A expectativa é superar os seis milhões de espectadores, o que colocaria Ângelo Antônio também no ranking dos poderosos e Tony em um patamar ainda mais elevado./wp-content/uploads/istoeimagens/imagens/mi_5237011047778378.jpg


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias