Os 100 brasileiros mais influentes
Polêmicos

Eike Batista
Presidente do EBX

Olhando para 2008, tem-se a impressão de que Eike Batista só sabe fazer conta de multiplicar. Todas as suas empresas têm a letra X no nome. "Símbolo de multiplicação de riqueza", diz ele. A OGX explora e produz petróleo e gás natural; a MMX, mineração; a MPX, geração de energia elétrica e exploração de carvão. Crise, para ele, é coisa do presente, mas sem força para obstruir o futuro. Alguns de seus planos para o ano que vem são a construção de um complexo de mina e porto no Chile, com investimentos em torno de US$ 300 milhões, e a injeção de mais US$ 2 bilhões em sua OGX. Suas perspectivas são otimistas. Batista também investe em entretenimento e em 2009 deverá conquistar o carinho dos cariocas. Usando apenas recursos próprios, assegura que vai despoluir a Lagoa Rodrigo de Freitas. "Farei isso sem ajuda do poder público", garante.

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Ronaldo Nazário
Jogador de futebol

Em 2009 o Fenômeno quer ser ídolo da Fiel e promete colocar seu retrato em uma galeria que tem nomes como Rivelino, Sócrates e Marcelinho. Por R$ 400 mil mensais e o direito a 80% do que o clube arrecadar com a camisa 9, o pentacampeão do mundo ficará por toda a temporada no Timão. Tratase de uma jogada de risco. Do ponto de vista do marketing, o clube e o jogador fizeram um golaço. O custo para anunciar na nova camisa do Timão será 60% maior, graças a Ronaldo. Mas, em campo, a contratação do artilheiro é um mistério. Nem mesmo Ronaldo pode assegurar que voltará a jogar futebol, pois ainda não está totalmente recuperado da lesão no joelho e precisa perder três quilos. Vontade não falta: "Quero voltar a ser um jogador de verdade", afirma o jogador, que acaba de comprar por R$ 15 milhões uma cobertura com vista para as praias de Ipanema e do Leblon, no Rio de Janeiro.

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Paulo Lacerda
Diretor afastado da Abin

Em sua passagem pela direção da Polícia Federal, o delegado Paulo Lacerda fez história, pois o órgão prendeu mais de seis mil criminosos do colarinho-branco sem dar um único tiro. Ao assumir a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em 2007, começaram as dores de cabeça de Lacerda. Não pelas novas atribuições naquela agência, mas em razão da estrutura que ele deixou na PF para investigar um de seus desafetos, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, que o envolveu num dossiê que apontava falsas contas de autoridades no Exterior.

O novo chefe da Abin cedeu mais de 50 arapongas para ajudar nas investigações da Operação Satiagraha, da PF. Os espiões, no entanto, agiram ao largo da lei e tiveram acesso a dados sob segredo de Justiça. O que era para ser uma missão muito especial da PF transformou-se em trapalhadas policiais que poderão comprometer parte das provas contra Dantas. Acabou temporariamente afastado da direção da Abin, mas mantém poder de influência na Polícia Federal.

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Tarso Genro
Ministro da Justiça

O ministro da Justiça, Tarso Genro, colecionou vários atritos, dentro e fora do governo, inclusive com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a preferida do presidente Lula para a sucessão. Tarso disse que a ministra não tem histórico partidário no PT, o que a descredenciaria como candidata do partido. Depois, autorizou a PF a realizar a Operação João de Barro, que encontrou desvios de recursos do PAC, administrado por Dilma, sem avisar o Palácio do Planalto. Tarso também bateu de frente com o ministro da Defesa e com os militares ao defender a punição de torturadores do regime militar. Em 2009, o ministro deverá continuar polemizando por causa das ações da Polícia Federal e também por razões políticas. Tarso é uma das principais lideranças do PT e exercerá forte influência na sucessão presidencial.

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Daniel Dantas
Dono do Opportunity

Amado por uns e odiado por outros, o banqueiro Daniel Dantas, dono do Grupo Opportunity, já foi apontado como um gênio das finanças. Foi personagem de destaque no processo de privatização da telefonia e terminou 2008 como um dos mais polêmicos brasileiros. Alvo principal da Operação Satiagraha, Dantas está condenado a dez anos de prisão por tentar corromper um delegado.

Chegou a ser preso e foi libertado por força de habeas-corpus do Supremo Tribunal Federal. A investigação contra Dantas provocou uma ruptura entre a Polícia Federal e a Abin, colocando em pólos opostos ministros do governo Lula como Tarso Genro, da Justiça, e Nelson Jobim, da Defesa. Sua prisão provocou racha no Judiciário. Em 2009, os novos julgamentos a que Dantas será submetido certamente trarão polêmicas ainda maiores.

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Letícia Sabatella
Atriz

Aos 37 anos, Letícia Sabatella consagra-se como atriz respeitada quando interpreta personagens e também ao falar em nome próprio. Ela entra em 2009 como porta-voz daqueles que dizem não à transposição das águas do rio São Francisco. Em uma audiência pública no Senado, a atriz bateu boca com o deputado Ciro Gomes (PSBCE), que é a favor do projeto, e reclamou: "A transposição foi imposta como única solução para o semi-árido, sem que todos os estudos necessários fossem realizados." Seu engajamento em causas ambientais se dá através da ONG Humanos Direitos. "A transposição é a ponta de um iceberg", diz. Paralelamente, Letícia encara novos desafios profissionais. Em 2009, ela fará sua primeira vilã, a psicopata Yvone, na novela Caminho das Índias, da Rede Globo, com estréia prevista para janeiro. "Não agüentava mais fazer gente que reza", afirma.

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Luiz Fernando Corrêa
Diretor da Polícia Federal

Luiz Fernando Corrêa assumiu o comando da Polícia Federal em 2007 disposto a acabar de vez com as operações "pirotécnicas" que expunham os presos à execração pública. Tudo teria dado certo, não fosse a Operação Satiagraha. A investigação contra o banqueiro Daniel Dantas embaralhou-se numa sucessão de trapalhadas. A imagem de Corrêa ficou arranhada, como um diretor sem pleno comando sobre os subordinados. Mas, as polêmicas em torno de seu nome não lhe tiraram o prestígio.

Em 2009, o delegado terá a chance de levar a PF a um novo patamar, a partir da compra de diversos aparelhos sofisticados, entre os quais dois aviões não tripulados para monitoramento e vigilância do crime organizado e binóculos infravermelhos. Além disso, Corrêa adota aos poucos a descentralização da Polícia Federal, dando mais autonomia às superintendências para operações nos Estados.

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Protógenes Queiroz
Delegado da Polícia Federal

Responsável pela Operação Sat iagraha, que tinha como principal alvo o banqueiro Daniel Dantas, o delegado Protógenes Queiroz desafiou os próprios chefes, ao omitir informações sobre a investigação, colocou dentro da PF agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e foi acusado de promover escutas telefônicas irregulares. Começa 2009 sob investigações que podem levá-lo à demissão, mas tem feito palestras em todo o País como um líder da luta contra a corrupção. É visto cada vez mais na companhia de políticos do PSOL, o partido da ex-senadora Heloísa Helena, e muitos acreditam que com a visibilidade conquistada em 2008 poderá, em 2010, disputar algum cargo eletivo.

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José Dirceu
Ex-ministro da Casa Civil

Ele já foi o segundo homem mais poderoso da República, mas caiu em desgraça há três anos, quando teve seu mandato de deputado federal cassado pela Câmara por envolvimento no escândalo do Mensalão. Agora, mesmo sem cargo público, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu ainda é um dos mais influentes militantes do Partido dos Trabalhadores e do governo do presidente Lula. Em 2009, o ex-ministro colocará seu poder à prova em dois momentos: durante a discussão sobre a reforma política – ele é contra a tese do fim da reeleição – e na eleição da nova direção nacional do PT. Dirceu continuará sendo uma das peças-chave nas disputas internas do partido. A eleição do PT vai definir, entre outras coisas, o rumo que o partido tomará para as eleições de 2010, principalmente em relação às alianças políticas. Mineiro de Passa Quatro, nascido em 1946, José Dirceu de Oliveira e Silva tem três filhos. Hoje ele dedica boa parte de sua vida a contatos empresariais, a preparar a defesa jurídica das acusações do Mensalão perante o STF e à tentativa de resgatar os seus direitos políticos, suspensos até 2013.

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Fausto De Sanctis
Juiz de direito

Os advogados apelidaram o gabinete do juiz Fausto De Sanctis na 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo de "câmara de gás".

Quem cai nas mãos de De Sanctis, dizem os criminalistas, dificilmente escapa. Tido como inflexível contra os acusados de cometer crimes financeiros, o juiz polemizou ao determinar a prisão do banqueiro Daniel Dantas, do doleiro Naji Nahas e do exprefeito de São Paulo Celso Pitta na Operação Satiagraha. O episódio provocou um racha no Poder Judiciário e em 2009 o mesmo processo deverá contar com novas decisões de De Sanctis. Em seu currículo, o juiz carrega ainda a condenação do doleiro Toninho da Barcelona, o seqüestro de obras de arte do banqueiro Edemar Cid Ferreira e o pedido de prisão do magnata russo Boris Berezovsky, no caso MSI-Corinthians.

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POLÊMICOS
Gilmar Mendes
presidente do Supremo Tribunal Federal

Doutor em direito pela Universidade de Münster, na Alemanha, o ministro Gilmar Mendes assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal em abril de 2008. Protagonizou tantas polêmicas que muitos o acusam de politizar a Justiça e outros o definem como defensor da independência do Judiciário. Mendes é crítico feroz da chamada "espetacularização" das ações da Polícia Federal e em 2009 assegura que irá insistir na luta contra o uso indiscriminado de algemas e os abusos na utilização de grampos telefônicos, mecanismo do qual ele mesmo teria sido vítima durante a Operação Satiagraha. O ministro condenou o nepotismo no serviço público, o que resultou na demissão de parentes de políticos e autoridades dos Três Poderes e concedeu dois habeas-corpus ao banqueiro Daniel Dantas, o que provocou manifestações contrárias de juízes de primeiro grau e procuradores, mas angariou o apoio de advogados e dos tribunais superiores.

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