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Química: Depardieu e Reno
vivem ladrões opostos

Apesar de marginal, Quentin (Gérard Depardieu) não tem jeito para ladrão. Confunde casas de câmbio com bancos, se esconde em matinês apinhadas de crianças onde é traído pela altura e ainda por cima fala pelos cotovelos. Ruby (Jean Reno) é o seu oposto. Silencioso como um gato, age nas encolhas, capaz de façanhas como tomar o butim do assalto praticado por seu arqui-rival Vogel (Jean-Pierre Malo) e ainda roubar-lhe a amante. Flagrados pela polícia, os dois acabam sendo trancafiados em uma mesma cela, para desespero do inabalável Ruby. Sua saída é cortar os pulsos e assim ser transferido para a ala psiquiátrica. Mas logo é seguido por Quentin, que elegeu o elegante companheiro de cela como melhor amigo. Dupla confusão (Ruby & Quentin, França, 2003), em cartaz no Rio de Janeiro e em São Paulo, é uma comédia rasgada feita para o público internacional, por quem entende do assunto. Caso do veterano diretor francês Francis Veber, responsável por títulos como A gaiola das loucas, O closet e o subestimado O jantar dos malas.

Tendo à mão atores carismáticos como Reno e Depardieu, Veber procurou recriar a atmosfera catártica dos filmes estrelados por Jerry Lewis e Dean Martin nos anos 1950, provando que a batida equação “charme mais boçalidade igual à amizade” ainda funciona. Cenas de perseguição, confusão de identidades ou incluindo travestis, trampolins para a grossura em mãos menos experientes – vide as incursões de Jim Carrey, Owen Wilson, Jeff Daniels e Ben Stiller no gênero –, aqui soam adequadas ao absurdo da situação. O que dizer de colocar um bêbado no comando de uma operação de fuga da cadeia? Trapalhadas dignas das melhores chanchadas de Oscarito e Grande Otelo.