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Há imagens que se tornam ícones. Na história do prêmio World Press Photo, desde que ele foi instituído em 1955, algumas fotografias ganharam esse status: o manifestante que enfrentou sozinho um tanque de guerra na Praça da Paz Celestial é uma delas. Na coleção de imagens que representam o crème de la crème do fotojornalismo mundial de 2008 aparecem algumas candidatas a se tornar clássicas.

Há quem afirme que a foto de um homem aos prantos, com o irmão morto nos braços, durante um bombardeio russo em Gori, na Geórgia, está destinada a ser um ícone da cobertura de guerra. Terceiro lugar na categoria Spot News, a imagem do fotógrafo russo Gleb Garanich foi seguramente uma das mais reproduzidas em 2008. Mas a documentação que o mesmo evento ganhou do polonês Wojciech Grzedzinski trouxe à tona outras matizes da tragédia e gerou cenas tão contundentes quanto a de uma mulher desesperada diante de um edifício em chamas. Felizmente, nem só de imagens icônicas é feita a seleção do júri da organização holandesa World Press Photo, que neste ano premiou 64 fotógrafos de 27 nacionalidades em dez categorias.

Os Jogos Olímpicos de Pequim, a campanha presidencial de Barack Obama, o terremoto na China, o colapso do sistema financeiro americano: os grandes fatos de 2008 estão representados na mostra, que entre maio e dezembro de 2009 está percorrendo 61 cidades de todo o mundo. O primeiro prêmio da categoria Notícias Gerais ficou com um flagrante do brasileiro Luiz Vasconcelos: uma índia com o filho no colo resiste a uma operação policial contra os sem-teto. Mas fotojornalismo é mais do que notícias e pessoas em destaque.

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Guerra Civil na Geórgia
Ataque russo à cidade de Gori pelas lentes do polonês Wojciech Grzedzinski

Na seleção, temas que frequentam os noticiários internacionais ano após ano; registros aos quais os leitores se acostumaram: a migração ilegal, o trabalho escravo, a violência contra a mulher, o eterno conflito Israel- Palestina, os assassinatos à luz do dia. A morte de um traficante presenciada por crianças da favela do Coque, no Recife, captada pelo brasileiro Eraldo Peres, é uma dessas cenas que traduzem a imagem que o mundo faz do Brasil e da América Latina.

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Retrato de Hopper
O ator americano Dennis Hopper em uma imagem de Jérôme Bonnet

O tema moradores de rua em países latino-americanos, recorrente na imprensa mundial, deu um prêmio ao mexicano Carlos Cazalis, que documentou pessoas dormindo nas ruas de São Paulo. Bem menos previsíveis são os registros que o italiano Massimo Siragusa fez de um abrigo temporário construído depois da Segunda Guerra Mundial, em Messina, na Sicília. Com o tempo, o lugar tornou-se uma autêntica favela. Também são surpreendentes os retratos que Carlo Gianferro produziu dos novos-ricos da Romênia ou a delicadeza da série de Fu Yongjun sobre as estações do ano refletidas em um pessegueiro. A exposição é um momento para rever e refletir não apenas sobre os fatos, mas sobre o significado que uma imagem adquire hoje nos meios de comunicação.

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