Divulgação

Economia: Histórias do espanhol Marías estão cada vez mais intimistas

O escritor espanhol Javier Marías é um desses autores que, à medida que o tempo passa e a criação se consolida, se tornam cada vez mais intimistas. A impressão que a leitura de seus livros dá é de que a qualquer momento ele vai sintetizar todo o enredo em uma única e densa frase. Felizmente, ainda não chegou a esse ponto e o leitor pode usufruir com prazer da narrativa de O homem sentimental (Cia. das Letras, 158 págs., R$ 33,50). Em seu quinto livro, Marías se volta para o mundo dos amores envoltos pela solidão e limitados pela realidade. Amores cruéis, nunca feitos para durar ou para entusiasmar. Amores passageiros.

Idas e vindas no tempo são sistematicamente intercaladas na narrativa, de modo a obrigar o leitor a se manter na perspectiva de quem já sabe o fim da história à medida que ela se desenrola. A paixão de um cantor de ópera por uma desconhecida encontrada no trem, casada e vigiada constantemente por um acompanhante que parece ser seu único elo com a realidade, é contada em breves atos sem jamais alcançar o clímax esperado. A obsessão do homem que se intitula dono da desconhecida basta apenas para temperar o vazio das vidas construídas por Marías. Seu desprezo pelos amores passados nada mais faz que revelar o que virá pela frente para o que naquele momento se insinua apaixonante. Uma história inquietante e perfeitamente plausível, para desencanto dos enamorados.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias