Musa de todas as estações, Gal Costa aproveita, segundo ela, o “momento maravilhoso” da carreira para lançar Todas as coisas e eu (Indie Records), disco em que homenageia a música popular brasileira de todos os tempos.
“O conceito é trazer de volta um repertório dos anos 20 aos 50 para um público que não teve a oportunidade de ouvir essas primorosas canções e, para os que já as conhecem, ouvi-las com uma cara nova, moderna”, disse a cantora a ISTOÉ, de Nova York, onde se apresentou no Carnegie Hall. Ela foi rigorosa na escolha dos 19 clássicos revisitados, pinçados de uma seleção de 80 títulos, em sua maioria presentes na memória coletiva do brasileiro. “São aquelas canções que você mal começa a primeira frase e as pessoas imediatamente a reconhecem, mesmo que não se dêem conta disso.”

De Linda flor (Ai, Yoyô), de Henrique Vogeler, considerado o primeiro samba-canção, a Nervos de aço, de Lupicínio Rodrigues, Folhas secas, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, Ave-Maria no morro, de Herivelto Martins, e Pra machucar meu coração, de Ary Barroso, Gal desfila majestosa pelos arranjos de Eduardo Souto Netto e Julinho Teixeira. Trabalho de maturidade, o álbum traz ainda pérolas da dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia, um pot-pourri de Noel Rosa, e as incríveis Kalu, de Humberto Teixeira, lançada por Dalva de Oliveira, e E daí?, de Miguel Gustavo, sucesso de Isaurinha Garcia. “O que me move é a paixão pelo meu trabalho, pelo canto, o que me faz sonhar e ser uma pessoa melhor”, disse a cantora, sempre exigente consigo própria.