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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou forte queda nesta quinta-feira (18), sem nenhuma ação do Ibovespa registrando valorização. Segundo dados preliminares, o principal índice acionário do País recuou 4,23%, aos 52.745 pontos, patamar próximo ao registrado no primeiro dia de reação após a sessão do dia 8 de agosto (quando o indicador caiu 8,08%). O giro financeiro do dia foi de R$ 6,2 bilhões. O medo de um agravamento da crise da dívida na Europa, com um contágio nos bancos americanos, trouxe a instabilidade vista nas primeiras semanas do mês.
 
O banco de investimento Morgan Stanley alertou para o risco "perigoso" de uma recessão nos Estados Unidos e na Europa, revisando para baixo as projeções de crescimento em 2011 e 2012. O mercado também se preocupou com uma notícia do Wall Street Journal de que o Federal Reserve de Nova York estaria avaliando as unidades de bancos europeus nos Estados Unidos para evitar um contágio da crise europeia.
 
Europa
 
As bolsas europeias viveram nesta quinta-feira um novo dia negro, com perdas de até 6%, devido a novos temores de uma recessão econômica mundial e dados decepcionantes nos Estados Unidos, que se somaram à persistente preocupação pela crise da dívida na Europa.
 
A Bolsa de Milão liderou as quedas, com perdas de 6,15%, seguida de Frankfurt, que caiu 5,82%, sua maior baixa desde novembro de 2008. Já Paris cedeu 5,48%; Madri, 4,70%; Londres, 4,49%; Amsterdã, 4,47%; Zurique, 4,15%; Lisboa, 4,12%; e Atenas, 3,38%. No mesmo horário em Nova York, Wall Street seguia a mesma tendência: -3,87% para o Dow Jones e -4,52% para o Nasdaq após um dado americano desastroso sobre a atividade industrial.
 
As ações do setor bancário foram particularmente afetadas após a publicação no Wall Street Journal de que o Fed está preocupado com a capacidade das filiais norte-americanas de bancos europeus de manter um nível adequado de liquidez, caso suas matrizes sejam forçadas a repatriar capitais.
 
Diante da queda generalizada e impulsionado por sua condição de ativo refúgio, o ouro superou nesta quinta-feira pela primeira vez os 1.825 dólares a onça, para estabelecer um novo recorde a 1.826,10 dólares. "Voltou a haver uma onda de pânico nos mercados", explicou à AFP Ian O’Sullivan, analista da companhia britânica Spread Co.
 
Os mercados, que temem sobretudo uma nova recessão econômica mundial, continuaram indiferentes às medidas anunciadas na quarta-feira por Alemanha e França, um dia depois da cúpula Sarkozy-Merkel sobre a crise da dívida europeia, destinada essencialmente a tranquilizá-los.
 
Confirmado os temores de recessão, os analistas do Morgan Stanley revisaram para baixo sua previsão de crescimento mundial para 2011 (3,9% contra 4,2% anteriormente) e 2012 (3,8% contra 4,5%), e especialmente o da Zona do Euro, a 1,7% este ano e 0,5% no próximo. "Nossas previsões revisadas mostram os Estados Unidos e a Zona do Euro rondando perigosamente a recessão", estimaram os especialistas.
 
No entanto, o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, disse nesta quinta-feira em Oslo que não há "nenhuma recessão nova" à vista na Zona do Euro, apesar da desaceleração do crescimento econômico. Os esperados dados econômicos procedentes dos Estados Unidos também não ajudaram a acalmar o nervosismo dos investidores, especialmente o índice da atividade industrial na região da Filadélfia (leste). Este caiu quase 34 pontos em relação a julho, para ficar em -30,7, seu mínimo desde março de 2009, quando os Estados Unidos ainda se encontrava em recessão.
 
Além disso, os preços ao consumo subiram 0,5% em julho, mais que o previsto pelos analistas, e os novos pedidos de seguro-desemprego também subiram na segunda semana de agosto. Ao iniciar uma visita de cinco dias à China, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou no entanto que a "estabilidade econômica do mundo depende em grande medida da cooperação entre Estados Unidos e China".
 
"Afeta todos os países, desde seu vizinho do norte até a Argentina, no extremo sul da América do Sul. Na minha opinião, é chave para a estabilidade econômica global", completou em uma reunião com seu par chinês Xi Jinping, cujo governo está preocupado com o enorme endividamento americano.
 
As bolsas da Ásia também fecharam todas no vermelho. Tóquio perdeu 1,25% – seu pior resultado desde 15 de março – devido à inquietação despertada pela alta do iene frente ao dólar e ao euro, o que prejudica as exportações das empresas japonesas. Hong Kong perdeu 1,34%; Seul, 1,70%; Xangai, 1,66%; e Sidney, 1,22%.
 
"Com o crescimento em algumas economias avançadas perto de seu ponto mínimo, há um risco crescente de que algumas economias possam voltar a cair em recessão", estimou Lee Hardman, economista do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ. "A economia japonesa não ficará imune à desaceleração mundial dada sua forte dependência da demanda externa", completou.
 
Análise
 
De acordo com o economista Clodoir Vieira, especialista em bolsas, a baixa dos negócios reflete, principalmente, o temor de um desaquecimento mais acentuado na economia mundial originado da crise de endividamento de alguns países europeus. Além disso, ele observou que os Estados Unidos não têm apontado indicadores sólidos de uma recuperação da economia.
 
No início do dia, o banco de investimentos norte-americano Morgan Stanley anunciou a revisão na projeção de crescimento da economia mundial, estimando uma expansão para este ano de 3,9% ante 4,2%. Para 2012, o índice foi rebaixado de 4,5% para 3,8%. Já que no refere ao ambiente doméstico, as decisões dos investidores estão levando em conta também a retração de 0,26% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), anunciada nessa quarta (17).
 
Para o economista Haroldo Silva, do Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, quem estiver pensando em entrar no mercado deve esperar um pouco mais. Na avaliação dele, apesar do esforço do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e da chanceler alemã, Angela Merkel, para contornar a crise econômica na zona euro, dificilmente eles vão conseguir um consenso entre os parlamentares no sentido de que sejam injetados recursos pelos países com melhor solidez financeira em parceiros do bloco que enfrentam problemas como a Grécia, a Irlanda e a Itália.