No ar: A diferença está no espaço interno: no Airbus, o segundo andar se estende de ponta a ponta da aeronave

Desde a chegada do jato supersônico Concorde, no final da década de 1960, não se via tamanha pompa e circunstância no lançamento de uma aeronave do consórcio europeu Airbus. Isso porque o A380, exibido ao público na terça-feira 18, em Toulouse, sul da França, não é um avião comum. Seus números superlativos tiram do famoso Boeing 747-400 americano, o Jumbo, o título de maior aeronave civil do mundo. O A380 tem espaço interno 50% maior do que o de seu rival, já que seus dois andares se estendem por todo o comprimento. Isso se traduz na capacidade de levar 555 passageiros divididos em três classes, enquanto o Jumbo, na mesma configuração, embarca 416 pessoas. A capacidade varia de acordo com a disposição das poltronas. Segundo a Airbus, sem divisões de classe, o A380 leva o incrível número de 840 pessoas. Contra 524 do Jumbo com executiva e econômica.

O projeto do avião europeu consumiu mais de uma década. Os primeiros testes de vôo estão previstos para abril e o primeiro vôo oficial acontece em 2006. A Singapore Airlines será a primeira a receber o avião com preço entre US$ 230 milhões e US$ 280 milhões. Já há outros 149 pedidos firmes de compra.

O A380 custou US$ 12 bilhões, boa parte de financiamentos especiais da Alemanha, França, Inglaterra e Espanha. A presença dos chefes de governo desses quatro países em Toulouse não foi à toa. Símbolo do “sucesso europeu”, segundo o presidente francês Jacques Chirac, o A380 é vital no duelo entre Boeing e Airbus. A ajuda dada pelos governos europeus irritou a americana Boeing, que ameaçou entrar numa batalha judicial na Organização Mundial do Comércio (OMC). Antes do embate, as duas fabricantes negociaram uma trégua de três meses.

A Airbus promete um sem-fim de melhorias. Levando um terço a mais de passageiros, o A380 pode abrigar discotecas, cassinos e creches, conforme a encomenda. O problema será na classe econômica. Imagine a fila de 840 passageiros para usar o banheiro depois do café da manhã. Ou ainda o tumulto no embarque e desembarque nos aeroportos, que deverão ter pontes distintas para cada um dos andares. Além disso, os maiores aeroportos do mundo terão de fazer modificações na estrutura para aguentar o peso e a envergadura do gigante.

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