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CHECAGEM
Vinicultor orgânico na Austrália, um dos países
que produzem vinhos que respeitam o ambiente

Os apreciadores de vinho que se preocupam com o planeta têm algo a mais para analisar. O terroir, os taninos, a safra, o tipo de uva, a acidez e as notas frutadas ou amadeiradas ainda são os principais itens, mas um novo critério ganha mais espaço na hora da compra: a produção amigável ao ambiente. Produtores de países como Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e África do Sul investem no uso racional de energia e água na reciclagem, na eliminação de agrotóxicos e até no uso de animais para combater ervas daninhas.

Sempre atentos aos desejos dos consumidores – e aos modismos –, os EUA parecem ser os mais ousados. Em 2001, os produtores do Estado da Califórnia se uniram para criar o Sustainable Winegrowing Program (programa sustentável de viticultura). No ano seguinte, lançaram um código de práticas a ser seguidas pelos membros. “Definimos viticultura sustentável como plantação de uvas e produção de vinhos ambientalmente seguras, socialmente justas e economicamente viáveis”, disse à ISTOÉ Allison Jordan, diretora da instituição.

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COMBATE
Ovelhas tomam o lugar dos pesticidas
na hora de acabar com  as ervas daninhas

Para Sally van der Zijpp, coordenadora do programa equivalente na Nova Zelândia, a produção sustentável não só não atrapalha a produção do vinho de qualidade como tem um impacto positivo nas características da bebida. Segundo ela, com a ajuda do Sustainable Winegrowing New Zealand (SWNZ), a indústria local pretende certificar todos os vinhos exportados até 2012. Na América do Sul, a chilena Concha y Toro aposta em iniciativas como a irrigação por gotejamento. “Essa tecnologia permite usar a água com grande eficiência”, diz Valentina Lira, subgerente de desenvolvimento sustentável da vinícola.

Especialistas alertam, porém, que nem tudo é harmonia quando se trata dos vinhos autoproclamados sustentáveis. “Boa parte desses programas nasce nos departamentos de marketing das vinícolas”, diz o sommelier Manuel Luz, colunista da revista Menu, da Editora Três, mesma empresa que publica ­ISTOÉ. Para ele, a eliminação dos agrotóxicos não é exatamente uma novidade. “A videira é uma das plantas mais resistentes que existem; raramente é preciso usar defensivos”, diz.

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SOLAR
Além de fornecer a luz exigida pelas uvas,
o sol abastece esta vinícola na Califórnia

Uma certificação nacional ainda não existe. Mas, segundo Luz, mesmo os importados com os selos ecológicos ainda não são dignos de confiança. “Quem verifica e garante que a produção é mesmo sustentável?”, questiona. Ele reconhece, no entanto, que a viticultura é naturalmente pouco agressiva ao ambiente. Sendo o vinho uma bebida que reflete as condições do solo e do clima (o chamado terroir), algo que não esteja em harmonia com o ambiente será denunciado no primeiro gole. 

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